Em linha com resultado nacional, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) da Grande Porto Alegre voltou a subir em novembro e avançou 0,42%, ante 0,41% registrado no país. Apesar da alta, a desaceleração do ritmo é considerada positiva pelos economistas, pois reduz o acumulado em 12 meses a 5,9% (3,9%, no RS) e veio abaixo das expectativas do mercado, que apontavam para 0,53% no mês.
A divulgação do dado, realizada nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), também assinala que essa é a primeira vez desde fevereiro de 2021 que a taxa anualizada da inflação oficial (5,13%) fica abaixo de 6%, mas ainda acima do teto da meta fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CNM), que é de 5%.
Entre os grupos mensurados, as pressões mais relevantes vieram dos Transportes (0,83%, no país e 1,03%, no RS) e Alimentos (0,53%, no país, e 0,57%, no RS). Juntos, explica o economista e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Marcelo Portugal, respondem por 0,29% do índice geral (0,41%).
– No acumulado, quatro meses atrás, o IPCA rondava os 12%, significa que nesse período reduziu mais do que a metade – avalia.
Nesse aspecto, os combustíveis, responsáveis diretos por três deflações (em julho, agosto e setembro), após desonerações de tributos, apresentaram alta generalizada de 3,29% no Brasil e de 4,71% na Grande Porto Alegre. O maior peso ficou por conta do etanol (7,57%), que trouxe efeitos para a gasolina (3,29%). O diesel teve leve variação de 0,11%.
Oscar Frank, economista-chefe da Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre (CDL-POA) aponta que fatores ligados ao período da entressafra, manifestações em rodovias e a alteração do comportamento dos consumidores, preocupados com eventual desabastecimento, podem ter contribuído com o deslocamento da demanda para cima e, por consequência, os preços.
– Esses dados não capturam a redução de custo para as refinarias, anunciada no dia 7 de dezembro pela Petrobras. Isso começou a chegar aos poucos nos postos e deverá aparecer na leitura do próximo mês – ressalva.
Economista-chefe da Fecomércio-RS, Patrícia Palermo também vê com bons olhos a desaceleração do índice na passagem de outubro (0,59%) para novembro (0,41%). Segundo ela, no horizonte alongando, a percepção é de que os estímulos fiscais e a política monetária continuarão exercendo influência sobre a dinâmica.
– Significa que descemos mais um degrau para terminar o ano que vem na faixa de 5%, quando em outubro era algo próximo de 7% e isso se refletirá sobre os consumidores – comenta.
PROJEÇÕES
Para o especialista em alocação de investimentos da Warren, Carlos Macedo, a inflação oficial abaixo das expectativas do mercado melhora o panorama, pois também demostra uma difusão menor – dos nove grupos mensurados pelo IBGE, sete tiveram alta em novembro, mas em menor escala do que em outubro. Por essa razão, não acredita que o desempenho no mês passado possa contribuir para eventual elevação de juros por parte do Banco Central.
Frank, economista-chefe da (CDL-POA) concorda e acrescenta que a taxa Selic (13,75% ao ano), já em patamares elevados, deve continuar moderando os preços internos. Por outro lado, vê uma dualidade entre o curto e o médio prazo de análise em razão da elevação dos riscos fiscais ocasionados pela PEC da Transição (que prevê recursos fora do orçamento para 2023) e incertezas sobre a prorrogação da desoneração do ICMS estadual e de tributos federais sobre os combustíveis.
– Em curto prazo, é animador e notamos o início de algum arrefecimento da inflação na Europa e nos Estados Unidos, o que é um componente relevante para o quadro doméstico. Mas não entendo que teremos deflações. A preocupação é com o médio prazo, pois se começar um processo de expansão dos gastos públicos, os ativos, como a taxa de câmbio, são contaminados e reverberam outra vez na inflação – analisa.