O preço médio da gasolina comum nas bombas subiu pela segunda semana consecutiva, após três meses e meio de quedas. Conforme o levantamento da Agência Nacional de Petróleo Biocombustíveis e Gás Natural (ANP), a alta ao consumidor foi de 0,41% entre os dias 16 e 22 de outubro. Ainda segundo a ANP, o preço médio passou de R$ 4,86 para R$ 4,88 nos últimos sete dias. Em duas semanas, o combustível acumula alta de 1,8%.
O novo aumento de preços confirma a exaustão dos esforços do governo para rebaixar o preço por meio de corte de impostos, em junho, e reduções nos preços praticados pela Petrobras, entre julho e setembro, em suas refinarias.
Desde o pico histórico de R$ 7,39, registrado na penúltima semana de junho, a gasolina chegou a recuar 35% até a semana encerrada em 8 de outubro. Mas, sem novos descontos nos preços da Petrobras nas últimas semanas, o valor voltou a subir nos postos brasileiros.
Por trás da alta, afirma o economista e professor da PUC-RJ, Edmar Almeida, estão os aumentos promovidos pela Refinaria de Mataripe (BA), controlada pela Acelen, e importadores. Sozinha, a Acelen responde hoje por algo entre 12% e 15% da capacidade de refino nacional.
Pesa também, a escalada de preços do etanol anidro, que compõe 27% da mistura da gasolina comum. O etanol anidro viu o preço subir nas cinco semanas até 14 de outubro, uma alta acumulada de 8,2%, segundo informações do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da USP. Esse aumento no insumo é repassado ao preço final aos consumidores.
Com o mercado internacional pressionado e os preços da Petrobras abaixo da paridade de importação, não há espaço técnico para novas reduções nas refinarias, dizem especialistas. Com agentes privados aos poucos elevando seus preços, a tendência é que a gasolina siga subindo, ainda que em ritmo lento, nas próximas semanas.
Segundo Pedro Rodrigues, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, além dos "fatores" Acelen e etanol anidro, há uma acomodação de preços mais baixos que estimulou maior consumo de gasolina no País e permitiu que revendedores aumentassem as suas margens nos postos, onde a precificação é livre.