O emprego formal voltou a registrar movimento positivo no Rio Grande do Sul. O Estado abriu 9,6 mil vagas com carteira assinada em agosto. Esse total é o saldo entre contratações e demissões no período. Os dados são do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), divulgado pelo Ministério do Trabalho e Previdência na manhã desta quinta-feira (29).
O resultado de agosto decorre de 123.682 admissões e 113.991 demissões. O saldo apresenta avanço ante julho (+7.627), mas recuo em relação ao mesmo mês de 2021 (quando foram abertas 12.145 vagas), ano marcado pela retomada das contratações, com redução das restrições relacionadas à pandemia. No acumulado dos oito primeiros meses do ano, o Estado gerou 91,9 mil postos. Em 12 meses, são 124 mil vagas abertas.
Os dados do Caged levam em conta apenas o trabalho formal. As informações são atualizadas mensalmente, o que pode provocar ajustes nos montantes divulgados em períodos anteriores e, consequentemente, nos acumulados.
No recorte por setores, o de serviços lidera com o maior acumulado de abertura de vagas em agosto no Estado (+5.577). Esse ramo da economia concentra pouco mais da metade do total de empregos criados no mês. Na sequência, com certa distância, comércio (+1.876) e indústria (+1.235) completam o ranking entre setores.
A coordenadora do Observatório do Trabalho da Universidade de Caxias do Sul (UCS), Lodonha Maria Portela Coimbra Soares, afirma que o resultado segue na esteira da retomada observada após o período mais crítico da pandemia. A desaceleração em relação ao ano passado é natural, diante de uma acomodação após o salto observado no começo da recuperação, segundo a professora.
— Nós estamos com quase todas as atividades flexibilizadas, muitas empresas, que sofreram durante o período com maior restrição, já trabalham dentro de sua capacidade máxima, os eventos voltaram — observa Lodonha.
A professora destaca que a expansão não é mais expressiva no comércio porque a renda média não avançou junto da abertura de postos nos últimos meses. Isso criou um gargalo no crescimento deste setor, segundo a especialista.
O economista-chefe da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Porto Alegre, Oscar Frank, afirma que aspectos sazonais também pesam nos números do emprego formal no Estado em agosto. Na indústria, a desmobilização no setor de tabaco, normal durante a entressafra, desacelera o ritmo do emprego no setor. Por outro lado, a atividade de serviços costuma enfrentar cenário mais favorável a partir de agosto, conforme Frank.
— Quando a gente abre por categorias no setor de serviços, é possível ver avanço em tecnologia de informação. É um setor que segue sendo muito ativado em função de todas essas transformações digitais que a pandemia e o distanciamento social deflagraram — complementa o economista.
Brasil
O resultado do Estado acompanha a média nacional. O Brasil criou 278,6 mil vagas com carteira assinada em agosto. O resultado decorre de 2.051.800 admissões e 1.773.161 demissões. O saldo do oitavo mês do ano é maior ante julho (+221.345), mas abaixo do mesmo mês em 2021 (+388.267).
O setor de serviços apresentou o melhor desempenho no mês também no país, com a abertura de 141.113 vagas, seguido pela indústria (52.760). No acumulado do ano, o saldo chegou a 1.853.298 postos gerados. Nos últimos 12 meses, o total chega a 2.455.662 postos formais criados.
O ministro do Trabalho e Previdência, José Carlos Oliveira, citou a importância do resultado positivo na indústria, destacando que a abertura de vagas nesse setor ajuda a elevar a média salarial:
— A indústria, via de regra, requer uma melhor qualificação. Consequentemente, com a indústria crescendo, a média do salário do brasileiro acaba crescendo também.