O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 1% no primeiro trimestre de 2022, na comparação com os três meses anteriores, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na manhã desta quinta-feira (2). Com isso, o PIB está 1,6% acima do patamar pré-pandemia, observado no quatro trimestre de 2019, e 1,7% abaixo do ponto mais alto da atividade econômica do país, registrado no primeiro trimestre de 2014. O PIB é a soma dos bens e serviços produzidos no Brasil e chegou a R$ 2,249 trilhões em valores correntes.
Como já era indicado pelas pesquisas mensais dos setores, o destaque no PIB do primeiro trimestre ficou por conta dos serviços (1%). Dentro desse segmento, o consumo das famílias teve participação importante, segundo o IBGE.
— Dentro dos serviços, o maior crescimento foi de outros serviços, que tiveram alta de 2,2%, no trimestre, e comportam muitas atividades dos serviços prestados às famílias, como alojamento e alimentação. Muitas dessas atividades são presenciais e tiveram demanda reprimida durante a pandemia — explica a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.
Já a agropecuária recuou 0,9% no primeiro trimestre, impactada principalmente pela estiagem no sul do país, que causou a diminuição na estimativa da produção de soja, a maior cultura da lavoura brasileira, segundo o IBGE. A indústria apresentou estabilidade (veja abaixo).
Pelo lado da demanda, o consumo das famílias cresceu 0,7% no primeiro trimestre, enquanto o do governo ficou estável (0,1%). A coordenadora de Contas Nacionais do IBGE destaca que esse movimento ocorre diante do avanço no apetite por atividades presenciais, que estavam represadas após o pior momento da pandemia de coronavírus:
— No consumo das famílias, a demanda também está relacionada aos serviços que são principalmente feitos de forma presencial, como as atividades ligadas a viagens.
Já no âmbito dos investimentos, a formação bruta de capital fixo caiu 3,5%. Esse indicador aponta o quanto as empresas investiram em bens para aplicar na produção, medindo a mobilização dos setores para investir ou não.
— Essa queda foi impactada pela diminuição na produção e importação de bens de capital, apesar de a construção ter crescido no período — explica Rebeca Palis.
No primeiro trimestre, a taxa de investimento foi de 18,7% do PIB, abaixo do volume registrado no mesmo período do ano passado (19,7%).
No aspecto externo, as exportações de Bens e Serviços cresceram 5%. Já as importações de Bens e Serviços caíram 4,6% em relação ao quarto trimestre de 2021.
Governo cita continuidade da recuperação
A Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia destacou que a economia brasileira segue em processo de recuperação, mesmo em cenário com impactos do conflito na Ucrânia e efeitos remanescentes da pandemia de coronavírus. Por meio de nota, a pasta também cita o crescimento do PIB no ano passado, que ocorreu sobre uma base fraca diante de tombo em 2020, ano marcado pelo avanço da crise sanitária.
"Após a vigorosa retomada da atividade em 2021, quando a economia brasileira registrou alta de 4,6% no PIB e confirmou a recuperação econômica em "V", o início de 2022 manteve o robusto crescimento da atividade apesar do ambiente de incerteza gerado pelos reflexos da guerra entre Rússia e Ucrânia", salienta trecho da nota.
A SPE observou que o crescimento de longo prazo da economia brasileira depende "fundamentalmente da consolidação fiscal" (redução da relação entre dívida e PIB) e de agenda de reformas pró-mercado, com “abertura econômica, privatizações e concessões, melhora dos marcos legais e aumento da segurança jurídica, melhor ambiente de negócios e redução da burocracia, correção da má alocação de recursos e facilitação da realocação de capital e trabalho na economia".