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RS abre 25,9 mil vagas com carteira assinada em fevereiro e acumula 42,8 mil no ano

Dados do governo mostram avanço em relação ao mês de janeiro, mas retração ante o mesmo período de 2021

Anderson Aires

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O Rio Grande do Sul voltou a registrar números positivos no mercado de trabalho formal. O Estado abriu 25,9 mil vagas com carteira assinada em fevereiro. Esse é o segundo mês consecutivo com saldo positivo entre contratações e demissões. Os dados são do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), divulgado pelo Ministério do Trabalho e Previdência nesta terça-feira (29).

O número positivo é o resultado entre 136.967 admissões e 111.059 demissões no mês. O saldo é maior na comparação com janeiro, quando o Estado abriu 16,9 mil postos, conforme dados atualizados nesta terça-feira. No entanto, o montante está abaixo do resultado do mesmo mês no ano passado (veja mais abaixo).

No ano, o Rio Grande do Sul acumula a geração de 42,8 mil vagas. No período de 12 meses, o volume está em 130,5 mil. No recorte entre setores, assim como em janeiro, a indústria liderou, com saldo de 13,1 mil vagas. Na sequência, aparecem serviços e agropecuária. A economista Maria Carolina Gullo, professora da Universidade de Caxias do Sul (UCS), afirma que o resultado da indústria ocorre na esteira da recuperação iniciada no ano passado. 

— É uma continuidade do aquecimento registrado em 2021. A gente percebe que o setor industrial está em retomada. Esse aumento pode não ser tão forte quanto foi no ano passado, que marcou o início da recomposição, mas o setor ainda está contratando. Agora, é mais um ajuste mesmo — destaca Maria Carolina.

Dentro da indústria, os segmentos em destaque na geração de emprego em fevereiro são o do fumo, que está ligado a questões sazonais de safra, de calçados, de alimentos e de máquinas e equipamentos. A economista e professora da UCS afirma que esse movimento reflete a situação atual da indústria gaúcha, que teria mais espaço para crescer em um ambiente sem problemas de insumos e matérias-primas.

Se espera uma desaceleração do emprego em função desses impactos que reverberam do setor primário para os demais segmentos da economia

OSCAR FRANK

Economista-chefe da CDL de Porto Alegre

Nesta semana, a pesquisa Sondagem Industrial, da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), também citou a contratação de mão de obra. O levantamento apontou redução na produção em fevereiro, mas aumento do emprego. Para os próximos seis meses, os empresários estimam maior demanda e mais contratações na indústria gaúcha, segundo a entidade. 

O comércio é o único segmento com variação negativa no mês, fechando 994 postos com carteira. O economista-chefe da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Porto Alegre, Oscar Frank, afirma que o desempenho do comércio varejista é reflexo de alguns fatores, como inflação e juros altos, queda da renda real e problemas de expansão na confiança das famílias. O economista também cita uma mudança de consumo dentro dessa equação. 

— Com essa realocação de gastos, com as pessoas consumindo menos bens e mais serviços, naturalmente o comércio varejista acaba sofrendo — pontua Frank. 

A indústria gaúcha está numa situação melhor do que a nacional. Isso justifica esse incremento que a gente está tendo, neste momento, na mão de obra

MARIA CAROLINA GULLO

Economista e professora da UCS

O economista destaca que existe uma tendência de desaceleração na geração de emprego no Estado para os próximos meses. Os efeitos da estiagem na economia é um dos fatores que explicam essa projeção, segundo Frank. 

Sobre a abertura de vagas em fevereiro deste ano ser menor ante o mesmo mês de 2021, tanto o economista-chefe da CDL de Porto Alegre quanto a professora da UCS afirmam que são momentos diferentes. O início do ano passado ainda estava inserido em um contexto de início de retomada após períodos de maior fechamento das atividades para conter a pandemia de coronavírus, segundo os especialistas. 

Emprego no Brasil

No país, o mercado de trabalho formal brasileiro também acelerou no mês passado, registrando saldo positivo de 328,5 mil carteiras assinadas. Em janeiro, foram abertas 150,3 mil vagas, número revisado pela pasta. O saldo de fevereiro no país, no entanto, também ficou abaixo do mesmo período do ano passado, quando houve abertura de 397,4 mil vagas com carteira assinada.

A dinâmica entre os setores na média brasileira é diferente da observada no Estado. A abertura de vagas de trabalho com carteira assinada em fevereiro no país foi novamente puxada pelo desempenho do setor de serviços, com a criação de 215,4 mil postos formais. 

— Esses números, dos dois primeiros meses do ano, já projetam um número em torno de 2 milhões de empregos em 2022 — afirmou o ministro do Trabalho e Previdência, Onyx Lorenzoni, durante a apresentação dos dados. 

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