O preço do gás natural no Rio Grande do Sul terá um aumento abaixo de 40%, caso a agência reguladora gaúcha aceite o pedido de reajuste feito pela Sulgás. A informação foi dada pelo presidente da companhia, Carlos Colón, nesta segunda-feira (3), e significa que a empresa não repassará integralmente o reajuste de 50% no gás definido pela sua fornecedora, a Petrobras.
— Esse aumento já veio para a gente no novo contrato. A gente está processando isso, passando pela Agergs. É simplesmente um repasse do custo da molécula de gás. Vamos fazer o reajuste assim que a Agergs (Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do RS) aprovar. Mas não vai ser 50%, vai ser menos. Certamente menos de 50%. E abaixo de 40% também — disse Colón.
O pedido de reajuste está em análise pelas diretorias de Tarifa, de Qualidade e Jurídica da Agergs. Depois disso, a proposta de reajuste vai para análise do conselho da Agergs, para eventual homologação, o que deve ocorrer na próxima semana.
Até o fechamento desta reportagem, nem a Sulgás nem a Agergs haviam informado qual o percentual médio de reajuste solicitado pela empresa. Já o governo do Rio Grande do Sul ainda avalia se adota postura semelhante a outros Estados e entra na Justiça para contestar o percentual definido pela Petrobras.
Compass assume Sulgás, mas não prevê aumento de investimentos
O processo de privatização da Sulgás foi concluído nesta segunda-feira, com um ato no Palácio Piratini, no qual o governador Eduardo Leite repassou o controle da companhia para a Compass Gás & Energia. A empresa arrematou a estatal em outubro do ano passado, pelo valor mínimo de R$ 927 milhões.
Lucrativa, a Sulgás não deve passar por qualquer mudança ou aumento de investimentos, mesmo após a privatização.
— A troca de controle acionário não significa ruptura. Aqui, no caso específico da Sulgás, a nossa entrada significa uma continuidade daquilo que já vinha sendo planejado pelo governo do Estado — indicou o CEO da Compass, Nelson Roseira Gomes Neto.
Em 2020, ainda como estatal, a empresa lucrou R$ 79,4 milhões, dos quais R$ 9,5 milhões foram repassados ao então acionista principal, o Estado.
O plano da Sulgás é de investir cerca de R$ 300 milhões até 2026. O empecilho central para o aumento de investimentos é a restrição de acesso a gás natural. Pelo sistema atual de regulação dessa matriz energética, há apenas fornecimento mediado pela Petrobras, por meio do Gasoduto Bolívia-Brasil, conhecido como Gasbol.
— O nosso plano de investimento se mantém. É o mesmo plano que apresentamos no ano passado. Temos expectativa de R$ 300 milhões nos próximos três a cinco anos. Sempre podem existir novas oportunidades, à medida que a gente consegue destravar opções de aumentar o suprimento do Estado, e aí expandir de maneira agressiva a nossa rede — argumentou Colón.
A avaliação da empresa que assumiu a Sulgás é de que a estatal vinha sendo bem gerida pelo Estado, de forma enxuta e competitiva. A ex-estatal conta com 131 funcionários, incluídos os diretores. A decisão por uma gestão de continuidade passa pela manutenção da atual diretoria, o que será referendado nesta terça-feira (4) pelos novos acionistas majoritários.