O ministro da Economia, Paulo Guedes, ao participar de um evento realizado nesta quarta-feira (1º) em Brasília, voltou a questionar as vantagens de se manter a Petrobras como uma empresa estatal, mas listada em Bolsa. Ele já declarou diversas vezes que gostaria de privatizar de vez a companhia.
— A estatal listada em Bolsa ajuda a sociedade, derruba os preços e acaba quebrando, como no governo passado? Ou vira de mercado, bota o preço lá em cima e, entre aspas, aperta o consumidor, como está acontecendo agora com o petróleo? A Petrobras não satisfaz ninguém, e a bomba fica no colo do governo — afirmou Guedes.
Ele sinalizou que o Estado deveria vender de vez a companhia antes que a era do petróleo chegue ao fim.
— O mundo inteiro está indo em direção ao verde e ao digital. O futuro não é com a mão suja de graxa, como diz um ex-presidente aí que fala que quer a Petrobras de volta. De volta para quê, para saquear? Para quê, se o futuro é verde. Vai morrer sentado em cima desse petróleo valendo zero — disse.
Para ele, a Petrobras está sob risco porque daqui a "cinco ou dez anos" o mundo fará a migração para o carro elétrico.
— Até os Emirados Árabes fizeram melhor, tiraram o petróleo e fizeram cidades no deserto. Mas nós não tiramos o petróleo do chão na velocidade necessária para erradicar a pobreza — completou.
O presidente Jair Bolsonaro e o ministro se queixam dos aumentos de preços nos combustíveis feitos pela estatal, que atrela o valor ao mercado internacional (dólar e cotação do petróleo). Bolsonaro já disse que pretende mudar a política de preços da estatal.
Guedes participou da divulgação do Indicador de Governança das Estatais, que verifica o cumprimento de diversos dispositivos legais, infralegais e de boas práticas de governança corporativa. No total, 60 estatais foram avaliadas, sendo 45 de controle direto e 15 subsidiárias.
O ministro elogiou o desempenho das estatais no governo Bolsonaro, mas considerou que "não se pode relaxar" para que esses resultados positivos se percam.
— As estatais bem geridas geram excelentes resultados, que vão pelo ralo quando carregam as estatais deficitárias — completou.
Mais uma vez o ministro defendeu a venda de ativos da União que seriam menos rentáveis que a própria rolagem da dívida pública.
— Temos R$ 2 trilhões em ativos e o povo comendo ossos, tem algo errado. O povo passando fome e a nós nos endividando em bola de neve carregando ativos menos rentáveis que dívida — acrescentou.