O ministro da Economia, Paulo Guedes, imagina que a taxa de inflação brasileira começará a descer em 2022. Em sua avaliação, a pandemia de coronavírus criou uma "economia de guerra" no mundo inteiro.
— É a inflação mais alta dos últimos 30 anos nos Estados Unidos, China, Alemanha, e o Brasil também sofreu — afirmou nesta sexta-feira (10) em entrevista exclusiva ao Opinião No Ar da Rede TV.
No mesmo dia, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desacelerou a 0,95% em novembro, ante 1,25% em outubro. Apesar do arrefecimento o resultado foi o mais elevado para novembro desde 2015 (1,01%). Além disso, a taxa acumulada em 12 meses foi a 10,74%, bem acima do teto da meta deste ano (5,25%). No Focus, a projeção mediana para IPCA em 2021 está em 10,18% e para 2022, em 5,02%, também acima da banda superior do ano que vem (5,25%).
De acordo com Guedes, o governo ainda está lutando para combater os efeitos da pandemia, protegendo 68 milhões de brasileiros, "as camadas mais vulneráveis". Em sua visão, esses impactos estão ficando para trás.
— O Brasil realmente saiu em "V", crescimento em forma de "V", caiu menos que o esperado. O Brasil se levantou. Agora, a inflação está aí como um legado, um efeito desastroso da pandemia — afirmou, acrescentando que em 2021 o déficit primário em proporção do Produto Interno Bruto (PIB) cederá de 10% para 1%, enquanto a economia crescerá 5%.
Poucos dias depois de o Comitê de Política Monetária (Copom) ter elevado a taxa Selic de 7,75% para 9,25% e indicar novo ajuste de 1,50 ponto porcentual em fevereiro, o ministro limitou-se a fazer comentários e apenas saiu em defesa do Banco Central (BC).
— O Banco Central está jogando na defesa, subindo o juro para conter essa onda inflacionária. Nós imaginamos que a inflação comece a descer o ano que vem — estimou.
— No mundo inteiro é responsabilidade do Banco Central o combate à inflação. Então, o ministro da Fazenda não pode comentar. Até porque ele é oficialmente independente. Aliás, o governo este foi o primeiro que teve a coragem de despolitizar a política monetária. Há vários casos de gente que tentou a reeleição manipulando o Banco Central. É a primeira vez que o governo tem a coragem de despolitizar a moeda — afirmou.
Na opinião de Guedes, a função do BC é justamente tomar conta do poder de compra do salário, das aposentadorias, da poupança e não ficar "falsificando" resultados eleitorais.
O ministro acredita que o Brasil será capaz de fazer a transição de uma economia de "guerra" para uma de "mercado", vigorosa e com investimentos privados acontecendo, em suas palavras. Para se ter uma ideia, citou, o governo tem R$ 700 bilhões contratados em investimentos para os próximos oito, dez anos nos setores de gás natural, petróleo, saneamento, setor elétrico, cabotagem, ferrovias e aeroportos.
— O Brasil está com um crescimento contratado, mas vai sofrer um pouco por causa desse combate à inflação.