A inflação voltou a desacelerar na região metropolitana de Porto Alegre, mas segue acima dos dois dígitos em 12 meses. Após fechar outubro com alta de 1,14%, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) avançou 0,96% na Grande Porto Alegre em novembro, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados nesta sexta-feira (10). Mesmo com a perda de ritmo, essa é a maior variação para um mês de novembro desde 2015 (1,03%).
No acumulado de 12 meses, o indicador está em 12,10%. No ano, o IPCA registra avanço de 10,07%. Em ambos os recortes, a inflação na Região Metropolitana está acima do avanço nacional.
Dos nove grupos pesquisados no IPCA, seis apresentaram alta de preços em novembro na Grande Porto Alegre. O destaque ficou por conta do segmento de transportes, que anotou elevação de 3,75%. Dentro desse grupo, a gasolina teve o maior crescimento no indicador (7,63%). O resultado segue movimento semelhante ao observado no país, que apresentou alta de 7,38% nesse combustível.
— Os preços da gasolina subiram 7,38% em novembro, na esteira do reajuste que foi dado nas refinarias no final de outubro. Além disso, tivemos altas expressivas no etanol, no diesel e no gás natural veicular — afirmou o gerente do IPCA, Pedro Kislanov.
Na sequência, artigos de residência e vestuário aparecem na parte de cima da tabela. Educação, alimentação e bebidas e saúde e cuidados pessoais apresentaram retração no IPCA.
O economista-chefe da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Porto Alegre, Oscar Frank, afirma que a Black Friday, redução da alíquota de PIS/Cofins na energia elétrica e possível efeito da queda de preços no atacado podem explicar essa diminuição de ritmo da inflação da Região Metropolitana. No entanto, o economista destaca que o indicador segue alto e pressionando a economia:
— Ainda sim é algo desconfortável, que pesa no orçamento das famílias e que traz diversos impactos, sobretudo para setores como comércio e serviços.
Sobre o fato de a Grande Porto Alegre seguir com inflação maior nos acumulados do ano e de 12 meses em relação ao país, Frank volta a citar o fato de a renda média no Estado ser maior do que a média nacional. O economista afirma que esse é um dos fatores que explicam esse movimento.
— É um componente mais estrutural. Tipicamente nós temos uma renda maior e isso acaba fazendo com que essa pressão de demanda seja mais significativa.
O economista-chefe CDL de Porto Alegre estima que uma desaceleração com mais fôlego na inflação, fruto do aumento do juro básico, só ocorrerá no segundo semestre de 2022.
No país, alta de 0,95%
A inflação caiu para 0,95% em novembro no Brasil após registrar 1,25% em outubro. Mesmo com o recuo, esse é o maior avanço para o mês desde 2015 (1,01%). No ano, o IPCA acumula alta de 9,26% e, nos últimos 12 meses, de 10,74%. No acumulado em 12 meses, é o maior volume desde novembro de 2003 (11,02%).