A renda total dos gaúchos diminuiu em 2020, ano marcado pelos efeitos da pandemia de coronavírus. O rendimento médio da população do Estado, levando em conta todas as fontes, recuou 3,84% ante o mesmo período de 2019. Os dados são da nova edição da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada na manhã desta sexta-feira (19).
O rendimento médio real de todas as fontes de recursos dos gaúchos ficou em R$ 2.523 no ano passado — menor valor desde 2012. A cifra representa menos R$ 101 no bolso em relação aos R$ 2.624 registrados em 2019. Mesmo assim, na comparação com outros Estados, o Rio Grande do Sul ocupa a quarta colocação entre as maiores rendas médias.
O desempenho gaúcho ocorre na esteira do resultado nacional. A renda média mensal no país ficou em R$ 2.213 no ano passado, o que representa retração de 3,44% em relação a 2019.
O coordenador da Pnad Contínua no Estado, Walter Rodrigues, afirma que a queda em outros rendimentos, como a aposentadoria, pode explicar essa redução em todas as fontes. Em 2020, a média dos rendimentos com aposentadoria e pensão no Estado caiu de R$ 2.063 para R$ 1.990.
— Dos outros rendimentos, que não são do trabalho, o grupo de aposentadoria e pensão é o principal. O impacto dele é muito maior — destaca Rodrigues.
Nos dados da série histórica, a renda média de todas as fontes da população gaúcha diminuiu 0,23% de 2012 a 2020. No país, o movimento é inverso, mas tímido, com avanço de 0,68% no mesmo período.
Já a renda média mensal obtida somente com o trabalho subiu 2,28% no Rio Grande do Sul em 2020, chegando a R$ 2.681. Esse indicador não leva em conta rendimentos com aposentadorias, pensões, aluguéis e outros tipos de ganhos. O coordenador da Pnad Contínua no Estado afirma que esse cenário ocorre porque a pandemia teve efeito maior sobre as pessoas que ganham menos, o que aumentou a média da renda:
— As pessoas que mais perderam trabalho e perderam renda do trabalho foram aquelas que tinham um rendimento menor. Notadamente os trabalhadores informais.
Benefícios sociais
O percentual de famílias que receberam benefícios sociais no ano passado também é um dos destaques da pesquisa. A parcela dos lares que recebem Bolsa Família recuou de 5,4% para 3,2% no Rio Grande do Sul.
A criação do auxílio emergencial é um dos fatores que explicam esse movimento, pois as famílias tiveram a opção de trocar o Bolsa Família por esse benefício em ocasiões em que o repasse seria mais vantajoso.
O percentual de lares que contaram com outros programas sociais, o que inclui o auxílio emergencial, subiu de 0,4%, em 2019, para 16,5%, em 2020, o que reforça esse entendimento.