No maior leilão da história do país, atrás apenas da licitação do pré-sal, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) conseguiu vender praticamente todos os lotes de frequências ofertadas do 5G. O governo conseguiu arrecadar R$ 7,089 bilhões, um deságio de 247% sobre o lance mínimo das faixas ofertadas nesta quinta-feira (4) de R$ 2,043 bilhões. Os números foram calculados pela Conexis, entidade que representa as maiores operadoras do país.
As principais operadoras do país — Claro, Vivo e TIM — arremataram os blocos mais nobres e poderão ofertar 5G em todo o país, mas quatro empresas conseguiram entrar no mercado de telecomunicações e devem ampliar a concorrência no setor.
Foram 26 lotes licitados, e dois de abrangência nacional da faixa de 3,5 GHz, a principal do 5G, não receberam interessados. Também resultou num certame deserto a oferta do lote F04, destinado a oferecer tecnologia 4G na Região Nordeste, dentro da faixa 2,3 GHz.
A Brisanet já havia arrematado o lote E4, na mesma faixa, para atender a região com 4G. A diferença entre os lotes tipo E e tipo F é que o primeiro conta com 50 MHz no bloco e, o segundo, 40 MHz.
O leilão continua na sexta-feira (5), com a faixa de 26 GHz, que tem o compromisso de levar conectividade até as escolas públicas urbanas e rurais
Confira as operadoras que já arremataram lotes:
700MHz
O Brasil terá uma nova prestadora nacional de serviço móvel. O primeiro lote do leilão do 5G (lote A1) foi arrematado pela empresa Winity II Telecom Ltda, por R$ 1,427 bilhão, valor nove vezes superior ao valor mínimo. A operação teve ágio de 805,64%.
Três grupos ofereceram lance para o lote. O principal uso da faixa é para o 4G, mas futuramente também pode abarcar a tecnologia de 5G. Como obrigações previstas em edital, a Winity, que é ligada ao Fundo Pátria, terá de levar internet a 31 mil quilômetros de rodovias federais no país e a localidades sem o 4G.
3,5GHz
Principal faixa para implementação do 5G, a disputa pelos quatro lotes nacionais ficou restrita aos três grandes operadores que atuam no país. A Claro foi a vencedora do primeiro lote (B1) na faixa de 3,5GHz, por R$ 338 milhões e ágio de 5,18%.
O segundo lote (B2) foi adquirido pela Vivo em lance de R$ 420 milhões. O ágio foi de 30,69%. Apenas Vivo e TIM devem apresentaram propostas.
A TIM foi a única interessada pelo terceiro lote (B3). A empresa adquiriu a operação da fatia na faixa por R$ 351 milhões e ágio de 9,22%.
Não houve interessados para o lote B4 e a negociação voltou ao final da rodada. Claro (lote D33), TIM (lote D34) e Vivo (lote D35) levaram as “sobras” de frequência, após ausência de proponentes para o lote nacional na primeira rodada.
A faixa de 3,5GHz também foi negociada em lotes regionais. O primeiro lote (C1) foi considerado deserto. A disputa seguiu no lote C2, que inclui o Norte e estado de São Paulo. O bloco regional foi arrematado pela Sercomtel por R$ 82 milhões e ágio de 719,69%. O lote C4, que cobre o Nordeste, e o C5, que cobre o Centro-Oeste, foram adquiridos pela Brisanet. Os ágios foram de 13.741,71% e de 4.054%, respectivamente.
No lote C6, de cobertura para a região Sul, a disputa foi acirrada. O Consórcio 5G Sul subiu a proposta até chegar em R$ 73,6 milhões e levou o lote com ágio de 1.454,74%. O Consórcio 5G Sul é formado pela Unifique, operadora de Santa Catarina, e a União Copel, do Paraná.
O lote que cobre os Estados do Sudeste (C7), menos São Paulo, ficou com a empresa Cloud2u. A oferta foi de R$ 405,1 milhões e ágio de 6.266,25%. O último lote regional, C8, foi arrematado pela Algar por R$ 2,350 milhões e ágio de 358,5%.
A faixa de 3,5GHz prevê como contrapartidas a construção da rede privativa de comunicação da administração pública federal, instalação de rede de fibra óptica fluvial na região amazônica, transferência do sinal de televisão via antenas parabólicas, fibra óptica em uma lista de cidades até 2025.
2,3 GHz
A faixa 2,3 GHz tem compromisso em cobrir com 4G a relação de 95% da área urbana dos municípios sem a tecnologia, mas a frequência também poderá ser usada para o 5G.
No leilão desta quinta-feira, a Tim arrematou o lote F06 para oferecer tecnologia 4G na Região Sul. A empresa saiu vencedora ao propor uma outorga de R$ 94,5 milhões, e ágio de 102,3%.
Entre os lotes do tipo F, que oferecem blocos de 40 MHz, a Telefônica Brasil levou o F01 (Região Norte), o F03 (Estado de São Paulo) e o F05 (Centro-Oeste).
A Telefônica Brasil (Vivo) também arrematou o lote E07 para oferecer tecnologia 4G nos Estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais (com exceção de alguns municípios mineiros). A empresa saiu vencedora ao propor uma outorga de R$ 176,4 milhões, e ágio de 124,75% no leilão. O lote foi disputado entre a Telefônica e TIM, que em sua última proposta ofereceu a outorga de R$ 168 milhões.
Mais cedo, a Claro arrematou o lote E06 para oferecer tecnologia 4G na Região Sul, também dentro da faixa 2,3 GHz. A diferença é que nos lotes tipo E, já leiloados, o bloco é de 50 MHz. A empresa também levou o lote E08, que abrange municípios de Minas Gerais, São Paulo, Goiás e na cidade de Paranaíba, Mato Grosso do Sul. A empresa saiu vencedora ao propor uma outorga de R$ 32 milhões, e ágio de 406,19% no leilão. O lote foi disputado entre a Claro e a TIM.
O lote F04, destinado a oferecer tecnologia 4G na Região Nordeste, dentro da faixa 2,3 GHz, não recebeu propostas durante o leilão. Com isso, o certame do lote foi declarado deserto.