Após ajustes feitos em abril, a geração de empregos avançou pelo sexto mês consecutivo no Estado em 2021. Incentivado pela sazonalidade do comércio no final do ano e pela retomada dos serviços, em outubro, no Rio Grande do Sul, o saldo líquido entre as contratações e demissões foi de 19.478 vagas, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados nesta terça-feira-feira (30), pelo governo federal.
O desempenho — dado pela diferença entre as 113,9 mil contratações e os 94,4 mil desligamentos no último mês — garante ao Estado a sexta colocação entre as unidades da federação com a maior criação de novos postos no acumulado de 2021. Com variação positiva de 5,67% de janeiro a outubro, o resultado do período ficou em 139,8 mil empregos, ou seja, abaixo apenas do que os verificados em São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Rio de Janeiro.
As vagas líquidas no comércio (6,5 mil) e nos serviços (5,9 mil) ajudaram a alavancar os demonstrativos gaúchos. Os demais grupos — indústria (4,8 mil), construção (1,1 mil) e agropecuária (973) — também ficaram no campo positivo.
No país, o movimento indica saldo de 253.083 empregos com carteira em outubro, portanto, em ritmo menor do que o de setembro quando foram gerados 312,066 postos de trabalhos. Na avaliação do ministro do Trabalho e Previdência, Onyx Lorenzoni, entretanto, o resultado líquido geral de mais de 2,654 milhões de empregos no acumulado do ano indica otimismo para a consolidação da economia e recoloca o país nos patamares pré-pandemia.
A economista-chefe da Fecomércio-RS, Patrícia Palermo, constata, por outro lado, que o Rio Grande do Sul tem performance acima da média nacional, com alta disseminada em todos os grandes setores. Segundo ela, diferentemente do ano passado, em 2021, as contratações líquidas não são mais um efeito da reposição de perdas provocadas pela pandemia, e sim um avanço da força de trabalho formal:
— O Caged nos mostra resultados diferentes. Enquanto o Brasil perde tração na geração de postos formais, aqui há uma aceleração. É difícil saber se é uma tendência, mas no país fica claro que é algo em linha com o que acontece com a atividade econômica, que vem em desaceleração — argumenta.
"É difícil saber se é uma tendência, mas no país fica claro que é algo em linha com o que acontece com a atividade econômica, que vem em desaceleração"
PATRÍCIA PALERMO
Economista-chefe da Fecomércio-RS
Para o economista-chefe da CDL Porto Alegre, Oscar Frank, é muito cedo para cravar uma retomada definitiva do aquecimento no mercado de trabalho. Segundo ele, isso acontece porque a real situação é medida por dois termômetros: o Caged e a Pnad-Continua, do IBGE, que, diferentemente do primeiro, também captura os níveis de informalidade na economia:
— Pelo novo Caged, superamos o patamar anterior à pandemia, em 2019. Só que pela Pnad, ainda não. Por isso, acredito que temos um logo caminho a ser percorrido até conseguirmos reinserir os trabalhadores que deixaram o mercado formal. Não é possível afirmar que estamos em um contexto marcado por reaquecimento do mercado de trabalho.
"Não é possível afirmar que estamos em um contexto marcado por reaquecimento do mercado de trabalho"
OSCAR FRANK
Economista-chefe da CDL Porto Alegre
Nesta terça-feira-feira (30) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a taxa de desemprego no terceiro trimestre ficou em 12,6%. No trimestre encerrado em agosto, estava em 13,2%. Os ocupados tiveram um crescimento de 4%, alcançando 93 milhões de pessoas, boa parte por meio da informalidade. Porém, o avanço no número de pessoas ocupadas não veio com melhorias no rendimento real habitual de todos os trabalhos. Ficou em R $2.459, queda de 4% relativo ao último trimestre e de 11,1% em relação ao terceiro trimestre do ano passado.
Pela frente, Frank observa novos desafios. Segundo ele as pressões generalizadas de custos como energia, combustíveis, insumos e suprimentos trarão efeitos negativos futuros ao mercado de trabalho. Na mesma equação, ele inclui os juros em elevação, as dificuldades logísticas e o enfraquecimento do poder de compra dos salários como variáveis que não garantem a continuidade da manutenção da estabilidade de emprego e renda para muitas pessoas.