O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil teve variação negativa de 0,1% no segundo trimestre de 2021, na comparação com os três meses anteriores. O desempenho, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), indica estabilidade, depois de três trimestres seguidos de crescimento da economia.
Com os dados, divulgados nesta quarta-feira (1º), a economia brasileira avançou 6,4% no primeiro semestre deste ano. Nos últimos quatro trimestres, acumula alta de 1,8%, e na comparação com o segundo trimestre do ano passado, no auge das medidas restritivas em razão da pandemia, cresceu 12,4%.
A coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis pondera, entretanto, que a análise dos crescimentos na relação com o ano passado deve observar a base de comparação.
— A economia encolheu 5,6% no mesmo semestre do ano passado, quando ocorreu o maior impacto da pandemia — afirma.
Por isso, conforme o IBGE, o desempenho no segundo trimestre de 2021 mantém o PIB no mesmo patamar do fim de 2019 ao início de 2020, ou seja, ou seja, no período pré-pandemia. No entanto, a economia ainda está 3,2% abaixo do ponto mais alto da atividade econômica na série histórica, alcançado no primeiro trimestre de 2014.
Em valores correntes, o PIB - que é soma dos bens e serviços produzidos no país - chegou a R$ 2,1 trilhões. O desempenho no trimestre foi influenciado pelas quedas na agropecuária (-2,8%) e indústria (-0,2%). Por outro lado, os serviços avançaram 0,7%.
A coordenadora explica que a agropecuária foi prejudicada pela perspectiva negativa da bienalidade na safra de café. Já na indústria, a baixa é fruto do encarecimento e da falta de insumos em alguns setores de transformação e também da elevação nos custos da energia elétrica, provocada pela crise hídrica.
— Além disso, houve queda nos investimentos, devido a baixa entrada de bens de capital em razão da queda na produção da indústria automotiva — analisa.
Rebeca também destaca que o consumo das famílias ficou estável , motivado pelos programas de auxílio durante a pandemia, a leve retomada na geração de emprego e o aumento da disponibilidade de crédito às pessoas físicas. Por outro lado, comenta, o aumento da inflação e dos juros prejudicou a massa salarial no período.
Despesas internas e externas
Pela ótica da despesa, na comparação com trimestre anterior, o consumo do governo teve alta de 0,7%. Já os investimentos, ou a chamada "formação bruta de capital fixo", recuou 3,6%. A variação, conforme explica a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis está relacionada com a importação de bens de capital.
Já no setor externo, as exportações de bens e serviços cresceram 9,4%. Em contrapartida, as importações caíram -0,6%. Nas vendas externas, o crescimento está relacionado com produtos agrícolas, máquinas e equipamentos, indústria automotiva e minerais não metálicos. Por outro lado, as importações foram puxadas por veículos automotores, máquinas e equipamentos, siderurgia e refino de petróleo.
Repercussão
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, admitiu na manhã desta quarta-feira ( 1º), em audiência pública na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados, que o desempenho do PIB veio mais fraco do que as expectativas do mercado, mas em linha com a projeção da autoridade monetária.
— Provavelmente, devemos ter uma revisão um pouquinho para baixo nas projeções do PIB para o ano corrente. A gente já tinha um número de crescimento para 2021 um pouco abaixo do previsto pelo mercado — comentou Campos Neto.