O aumento na conta de luz tem pesado no orçamento das famílias e é um dos fatores que pressionam a inflação, mas o ministro da Economia, Paulo Guedes, não vê problemas para atravessar o atual momento.
— Se no ano passado, que era o caos, nós nos organizamos e atravessamos, por que nós vamos ter medo agora? Qual o problema agora que a energia vai ficar um pouco mais cara porque choveu menos? Ou o problema agora é que tá tendo uma exacerbação porque anteciparam as eleições... Tudo bem, vamos tapar o ouvido, vamos atravessar — afirmou Guedes nesta quarta-feira (25).
— Isso vai causar perturbação, empurra a inflação um pouco para cima, BC (Banco Central) tem que correr um pouco mais atrás da inflação — afirmou no lançamento da Frente Parlamentar do Empreendedorismo.
Guedes disse que a economia brasileira está "vindo com toda a força" após a crise causada pela pandemia da covid-19, mas admitiu que "há, sim, nuvens no horizonte".
— Temos a crise hídrica forte pela frente, mas a economia brasileira está furando as ondas — disse.
A crise hídrica levou o governo a anunciar nesta quarta-feira medidas para redução do consumo de energia para toda a administração pública federal. Decreto presidencial editado nesta quarta determina a redução do consumo de eletricidade desses órgãos entre 10% e 20% em relação ao consumo do mês nos anos de 2018 e 2019, ou seja, antes do período pré-pandemia.
Além disso, o governo está pedindo que a sociedade e indústrias façam um esforço pela economia de energia e evitem desperdícios. Quem economizar terá conta menor a pagar e uma premiação pela redução do consumo.
Pressionada pelo aumento da conta de luz, a inflação acumulada em 12 meses chegou à marca de dois dígitos em quatro capitais do País no IPCA-15 de agosto: Porto Alegre (10,37%), Goiânia (10,67%), Fortaleza (11,37%) e Curitiba (11,43%). Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira.
Durante a solenidade, Guedes apresentou dados da economia brasileira, destacando ganhos com as reformas feitas para controlar gastos.
— Logo no primeiro ano (de governo), mostramos que viemos para controlar as despesas públicas — afirmou.
Segundo ele, o "abismo fiscal que ameaçava o Brasil foi controlado", destacando a reforma da Previdência. E, apesar da covid, a economia brasileira se abre de novo, "temos superávit comercial e corrente de comércio recordes", acrescentou o ministro.
Arrecadação forte
Guedes destacou também o bom desempenho da arrecadação de impostos, e previu que "se a economia brasileira crescer 5,5% neste ano, com a arrecadação vindo forte, é possível o País ter superávit em 2022".
Nesta quarta-feira, a Receita Federal divulgou os dados da arrecadação de julho, quando o país arrecadou com impostos e contribuições federais R$ 171,270 bilhões, um aumento real de 35,47% na comparação com o mesmo mês de 2020.
— A economia está bombando e continua a narrativa de que o governo não faz nada —afirmou o ministro.
Ele criticou o que chamou de visões negacionistas e agradeceu o empenho do Congresso na aprovação das reformas e de medidas encaminhadas pelo governo. Guedes destacou ainda a atuação do presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), que, segundo ele, é uma "liderança imprescindível".
Segundo Guedes, os críticos já transferiram o colapso para 2022, ao perceberem que a economia voltou a crescer:
— Mas vamos continuar crescendo.