A crise econômica gerada pela pandemia do coronavírus atingiu de forma menos severa os negócios instalados no Rio Grande do Sul na comparação com os efeitos em nível nacional. O diagnóstico está na pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM) 2020, realizada pelo Sebrae-RS em parceria com o Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP) e divulgada nesta sexta-feira (20).
De acordo com o levantamento, o Estado teve taxa de descontinuidade de negócios de 7,5% em 2020, enquanto a do Brasil foi de 9,4%. “Isso indica que a economia gaúcha, mais do que a do Brasil, teve um conjunto de negócios mais resistente a causas diversas que poderiam levar à descontinuação da atividade empreendedora”, avalia o documento.
No entanto, o RS teve a quarta mais alta taxa de descontinuidade da região da América Latina e Caribe, sendo que o Brasil figura em segundo lugar. “Ambas as taxas foram maiores do que todas as da região da Europa e América do Norte, o que sugere uma maior fragilidade da malha de negócios gaúcha e brasileira frente a fatores de descontinuidade, que incluíram a pandemia em 2020”, observa o levantamento.
Entre os negócios que deixaram de funcionar no ano passado em solo gaúcho, 38% tiveram como causa a pandemia, seguida por razões pessoais ou familiares (19,3%) e falta de lucratividade (13,2%).
Mas as implicações da covid-19 e a restrição orçamentária que causou em muitas famílias motivou (ou até mesmo obrigou) o despertar empreendedor. Segundo a pesquisa, a taxa de empreendimento em estágio inicial no Rio Grande do Sul foi de 22,1% no ano passado, um aumento de 14,9% na comparação com a última pesquisa, em 2018.
"Os dados não informam, contudo, se esse empreendedorismo por necessidade foi mais frequente do que o empreendedorismo por oportunidade, aquele em que as pessoas se lançaram em um novo negócio atraídas pelo aumento da demanda gerado pela pandemia de certos produtos e serviços", pondera o documento.
Entre os empreendimentos nascentes, o destaque foi o setor de serviços de alimentação, como bufê e comida preparada, correspondendo a 18,7% ao total.
Já a taxa de empreendedorismo global do Estado, que leva em consideração os dados de negócios consolidados e novos, ficou em 36,5%, o que, segundo a pesquisa, aponta que a cada três gaúchos, um estava envolvido com alguma atividade empreendedora em 2020.
Segundo especialistas ouvidos na pesquisa, a criação de novos negócios tende a ser salutar para auxiliar as economias na superação da crise provocada pela pandemia. “A razão é que o empreendedorismo compensa, ao menos parcialmente, as quedas da renda das famílias e do PIB provocadas pela crise”, sugere o texto.