Com o crescimento do percentual de famílias endividadas no Estado, a importância de planejar o orçamento das famílias ganha mais força. Pesquisa divulgada pela Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul (Fecomércio-RS) aponta que 78,6% das famílias gaúchas estavam endividadas em junho — maior percentual desde 2011.
Mesmo com esse indicador em elevação, os números no âmbito da inadimplência seguem baixos. O percentual de famílias com contas em atraso caiu de 27,8%, em junho de 2020, para 20,8% em junho deste ano. Já a parcela de famílias que não terão condições de quitar seus compromissos dentro dos próximos 30 dias ficou em 5,0% no último mês — abaixo dos 14,2% registrados em junho do ano passado.
A professora Wendy Haddad Carraro, do Curso de Ciências Contábeis da UFRGS e coordenadora de programa de extensão em educação financeira na universidade, afirma que o endividamento maior também pode ocorrer diante da gestão orçamentária. Segundo a especialista, algumas pessoas contraem novos financiamentos para quitar dívidas com juros maiores. Wendy também afirma que parte da população se endividou para fazer investimentos ou melhorias em imóveis.
Para as famílias que estão com dificuldade de honrar as dívidas, a professora da UFRGS cita a necessidade de colocar os gastos na ponta do lápis, priorizar as contas com valores e juros maiores e buscar a negociação junto aos credores.
— Às vezes, quando as pessoas precisam negociar as dívidas e não conseguem isso direto com a empresa, é interessante buscar algum tipo de mediação. Nesse serviço, que alguns órgãos oferecem de maneira gratuita, é possível conseguir auxílio para negociar dívidas muito altas, por exemplo.
Dicas para organizar as contas
Veja as recomendações de Wendy Haddad Carraro, professora do Curso de Ciências Contábeis da UFRGS e coordenadora de programa de extensão em educação financeira na universidade:
- Priorize as contas com valores mais altos em um cenário onde não é possível quitar tudo. Dívidas mais caras tendem a ter juros mais altos
- Analise se é interessante contrair novo empréstimo com juros menores para quitar dívida atual com parcelas maiores e taxas mais altas
- Evite o atraso no pagamento e o pagamento mínimo da fatura do cartão de crédito, pois isso gera juros mais altos. Planeje a compra de forma que o valor da fatura encaixe no orçamento
- Se possível, não use o cheque especial em razão de juros elevados. Em casos especiais, tente aproveitar dias sem custo financeiro
- Na impossibilidade de pagar a dívida, tente negociar com os credores novos prazos e com parcelas que caibam no seu orçamento
- Antes de negociar a dívida, coloque todas suas contas no papel. É importante saber quanto você pode pagar mensalmente ao negociar suas dívidas
- Se enfrentar dificuldades ao negociar diretamente com os credores, procure canais de medicação. A UFRGS (mediacaosaju@gmail.com) e a Defensoria Pública do Estado (https://www.defensoria.rs.def.br/criterios-de-atendimento e nudecontu@defensoria.rs.def.br) oferecem esse serviço