O governo do Estado detalhou nesta quinta-feira (17) o plano de concessão de rodovias estaduais. Entidades consultadas por GZH viram com bons olhos a iniciativa do Palácio Piratini para melhorar as estradas gaúchas, mas ponderam que é preciso um tempo maior para análise mais aprofundada. Também que as audiências públicas que discutirão o plano serão importantes para, por exemplo, a definição dos locais exatos das praças de pedágio.
O plano prevê a instalação de 22 pontos de cobrança espalhados pelo Rio Grande do Sul, num total de 1.131 quilômetros de rodovias estaduais concedidas por 30 anos. O objetivo é duplicar ou triplicar 73% da malha.
O presidente da Federação das Associações dos Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs), Maneco Hassen, reconhece a dificuldade de investimento próprio do Estado em infraestrutura na malha viária e a necessidade de se buscar parcerias. Mas frisa a importância das audiências públicas para debater o plano e fazer, se for o caso, as modificações necessárias no plano.
— Que ele (governo) traga para as comunidades, em detalhes, como vai ser o projeto, qual custo da tarifa, qual o impacto que isso terá nas economias locais para que a gente consiga construir um bom plano de concessões na medida que o contrato é longo, e por isso precisa ser feito com muita responsabilidade e muita calma — sustenta.
Para Hassen, a necessidade de concessão é reflexo de um fracasso dos governos anteriores que não conseguiram fazer os investimentos para conservação e duplicação das rodovias. Uma preocupação, segundo ele, é com o fim da isenção de pedágio para quem vive nas localidades onde as praças serão instaladas.
— É diferente de uma pessoa, uma empresa que circula pela praça uma, duas vezes por mês ou que vai fazer turismo. Ou que inclui, no caso do transporte, o ganho de uma estrada melhor na diminuição do seu custo, mesmo pagando pedágio — ressalta.
O presidente da Federação das Empresas de Logística e Transporte de Cargas no Rio Grande do Sul(Fetransul), Afrânio Rogério Kieling, vê com bons olhos o plano de concessão, apesar de ressaltar, também, a importância de um aprofundamento maior nos dados disponibilizados.
— Naturalmente quando tem um pedágio, isso é levado em conta para o custo. Por exemplo, um veículo gasta menos caixa, menos motor, menos pneus. Então, nós nos tornamos mais competitivos enquanto Estado, porque nós temos uma rodovia melhor — afirma Kieling.
Pela indústria, GZH ouviu o vice-presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), Arildo Bennech Oliveira, que também defende o modelo de concessão de rodovias. Vice-presidente do Sindicato das Indústrias de Panificação e Confeitaria e de Massas Alimentícias e Biscoitos do Estado (Sindipan), diz que atualmente os investimentos são escassos e insuficientes nas rodovias, mesmo nas federais.
— Vai ter investimento grande, vai gerar emprego e renda e manter as estradas conservadas. Hoje, é um perigo andar nas estradas gaúchas sem concessão. Mesmo nas administradas pela EGR há muitos problemas. Sou a favor desse investimento. Para a própria colheita, falta estrutura nas nossas estradas. Estamos no caminho certo — defende Oliveira.
O empresário possui uma indústria de pães congelados e distribui seus produtos para diversos municípios. Relata que já ocorreram acidentes com veículos utilizados para transporte da mercadoria por causa das más condições das estradas. Sobre o custo do pedágio na operação, explica que é muito menor do que o que pode ocorrer com pessoas, veículos e mercadorias numa rodovia mal conservada ou não duplicada.
— Estrada concedida tem quem fiscalizar.Um pneu de caminhão custa cerca de R$ 2,5 mil. Nas estradas atuais, eles estragam com frequência. Além disso, uma rodovia ruim gera mais gastos com suspensão, freio. A velocidade dos veículos é menor e isso tudo é custo. Ou seja, tendo pedágio, a rodovia estará em melhores condições e o preço da tarifa se torna barato — avalia.