Seguindo tendência nacional, a inflação na região metropolitana de Porto Alegre apresentou desaceleração em abril deste ano. No último mês, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 0,19%, abaixo do 0,95% registrado em março. No entanto, no acumulado de 12 meses, a variação da taxa cresceu de 6,36, em março, para 6,62% em abril, segundo levantamento divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta terça-feira (11). No ano, o acumulado da Região Metropolitana está em 2,25%.
Colocando uma lupa sobre os dados do IPCA, dos nove grupos pesquisados, sete apresentaram variação positiva em abril. Apenas transportes e habitação tiveram deflação no período, contribuindo para a desaceleração do índice no Estado (veja mais abaixo).
O grupo com maior variação no período é o de Saúde e cuidados pessoais (+1,43%), puxado pelo aumento no preço dos produtos farmacêuticos (+3,45%). Esse movimento também foi registrado no país, com alta de 1,19% no grupo.
Segundo o gerente da pesquisa do IBGE, Pedro Kislanov, essa elevação já era esperada em razão reajuste de até 10,08% no preço dos medicamentos, dependendo da classe terapêutica, concedido pelo governo no início de abril.
— Normalmente esse reajuste é dado no mês de abril, então já era esperado — afirmou Kislanov.
No grupo dos transportes, a gasolina recuou 2,85% na Grande Porto Alegre no último mês. Após uma série de altas nos primeiros meses do ano, o preço do combustível apresentou reduções entre o fim de março e o início de abril que acabaram chegando nos postos.
O professor da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Marcelo Portugal afirma que, mesmo com variação mensal menor na comparação com o Brasil, a região metropolitana de Porto Alegre demonstra comportamento parecido com o registrado no país.
— O combustível, que foi o principal elemento que causou inflação maior no mês passado (março), diminuiu, e o preço do alimento não voltou com a força que estava antes. Teve essa questão do remédio, que é sazonal e sempre ocorre nessa época do ano — explica Portugal.
O técnico do IBGE Vladimir Lautert entende que não existe alguma especificidade no Estado que ajude a explicar a redução nos preços dos combustíveis de veículos em abril. O especialista destaca que essas variações nos valores também estão ligadas a questões cambiais.
— Isso tem muito da questão cambial evolvida. Os preços dos combustíveis variam muito de acordo com o câmbio. Também tem o preço internacional do petróleo, que também oscila bastante.
Energia elétrica
No grupo de habitação, o destaque ficou por conta da energia elétrica residencial, com redução de 1,38%. O IBGE atribui esse resultado à diminuição das alíquotas de PIS/Cofins. Lautert destaca que esse recuou no preço da energia elétrica contrabalanceou o aumento no preço do botijão de gás (0,13%).
Para os próximos meses, o economista Marcelo Portugal estima um cenário com a conta de energia elétrica pesando mais no bolso dos cidadãos em razão da volta da bandeira vermelha, promovida pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em maio.
— Vai faltar água. A gente já está em bandeira vermelha e vai ficar nessa situação durante muito tempo. As perspectivas hidrológicas estão ruins. Então, terão de ligar essas usinas termoelétricas e isso vai encarecer a conta — afirmou.
Brasil
No país, o IPCA ficou em 0,31% em abril. O resultado é inferior à taxa observada em março deste ano (0,93%), mas superior à registrada em abril do ano passado (-0,31%). Em 12 meses, a inflação acumula taxa de 6,76%, acima do teto da meta estabelecida pelo Banco Central para 2021: 5,25%, No ano, o IPCA está em 2,37%.