O Rio Grande do Sul fechou o primeiro trimestre de 2021 com saldo positivo na geração de empregos com carteira assinada. De janeiro a março, o Estado criou 74.448 postos de trabalho, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo governo federal na manhã desta quarta-feira (28). O montante é o resultado de 345.941 contratações e 271.493 demissões no período.
Em março deste ano, o Estado abriu 17.762 postos — diferença entre 113.580 admissões e 95.818 desligamentos. É o terceiro mês consecutivo no azul. O Rio Grande do Sul ocupa a quarta colocação na geração de emprego em março entre os Estados, ficando atrás apenas de São Paulo, Minas Gerais e Santa Catarina.
Na comparação com fevereiro deste ano, que teve saldo positivo de 29 mil vagas, março é mais tímido, mas é melhor em relação ao mesmo período de 2020, quando o Estado fechou cerca de 15 mil postos no início dos impactos causados pela pandemia de coronavírus.
Colocando uma lupa sobre os dados do Caged, indústria (9.479) e serviços (5.987) puxaram o resultado positivo no Estado em março. Na outra ponta, a agricultura registrou o pior cenário, fechando 1.488 vagas.
No acumulado dos últimos 12 meses, entre abril e março, o Rio Grande do Sul tem saldo positivo de 29.123 mil vagas.
O desempenho Estado na geração de emprego formal segue na esteira dos resultados o país, que também apresentou crescimento em março, registrando saldo de mais 184.140 postos de trabalho criados.
Expectativa para os próximos meses
Economista e professor da Escola de Negócios da PUCRS, Ely José de Mattos afirma que o resultado positivo de março ainda é uma ressaca da retomada que o Estado ensaiou entre dezembro e fevereiro, mas que foi arrefecida com algumas restrições nas atividades comerciais. Mattos avalia que abril pode ter um resultado melhor em razão das flexibilizações e do restabelecimento de alguns setores.
O economista afirma que programas assistenciais do governo, como o novo auxílio emergencial e os programas voltados para empresas, contribuem no processo de retomada, mas não de maneira robusta. Ele destaca que é necessário esperar alguns condicionantes, como avanço da vacinação e os parâmetros do novo modelo de distanciamento controlado do Estado, para uma prever uma melhora mais significativa no primeiro semestre. Com isso, o especialista estima um cenário de estabilidade na geração de emprego:
— Imagino um primeiro semestre ainda bem difícil. Nada muito diferente da média do que a gente teve até agora. Não imagino uma mudança de patamar. Vamos ter alguma retomada modesta.
A economista-chefe da Fecomércio-RS, Patrícia Palermo, afirma que uma queda após uma retomada, como ocorreu em março, acaba criando uma sensação de receio para os próximos meses. Patrícia também cita o avanço da vacinação e a continuidade da flexibilização das atividades como os principais fatores que podem garantir uma retomada do emprego. No entanto, a economista projeta um avanço mais robusto para o segundo semestre.
— Nossa expectativa continua sendo mais otimista para o segundo semestre do que para o primeiro semestre. A gente acredita que, no segundo semestre, vamos ter um contingente maior de pessoas vacinadas e, portanto, menor ameaça de retração desse processo de flexibilização — explicou a economista-chefe da Fecomércio.
Patrícia destaca que, apesar de registrar um volume menor nos dados de março, o fato de o Estado continuar gerando emprego é importante após um cenário de destruição de empregos. No entanto, a economista salienta que é necessário acelerar essa retomada para correr atrás do prejuízo.