Após o Tesouro Nacional traçar um cenário dramático para a trajetória da dívida pública, que vai superar os 100% do PIB nos próximos anos, o ministro da Economia, Paulo Guedes, buscou demonstrar confiança na aprovação de reformas e privatizações para reduzir esse indicador.
— Nós vamos derrubar a dívida pública — assegurou em live promovida pelo Itaú.
Guedes citou que a dívida já havia caído no primeiro ano do governo Jair Bolsonaro, para 75,8% do PIB. Esse recuo ocorreu com a ajuda de devoluções antecipadas de recursos aportados no passado pelo governo no BNDES e na Caixa. Neste ano, porém, a dívida bruta do governo geral deve encerrar em 96,0% do PIB, na esteira dos gastos para combater a covid-19.
O ministro elencou uma série de medidas que fazem parte da estratégia do governo para aprovar reformas e levar adiante as desestatizações. Ele citou o crescimento do segmento de contas digitais da Caixa, o que credencia a unidade a uma futura abertura de capital, assim como o caso da Caixa Seguridade.
— Temos que mostrar que o novo mix na economia veio para ficar — disse Guedes, citando os juros no mínimo histórico.
A equipe econômica tem defendido a aprovação das reformas para aproveitar a "janela" de juros baixos e melhorar o quadro fiscal, evitando que as condições se deteriorem, o que poderia minar ainda mais a credibilidade do país junto aos investidores.
O ministro disse que sua equipe trabalha para desbloquear o horizonte de investimentos com a aprovação de novos marcos regulatórios, como a lei do gás e a nova lei de falências.
— A agenda virá com apoio do mundo político — afirmou.
Guedes garantiu que o governo "nunca" perdeu o norte em direção às reformas. Ele também destacou a economia de quase R$ 160 bilhões que será acumulada até o fim de 2021 com o congelamento de salários de servidores na União, nos Estados e nos municípios.
'45 do segundo tempo'
A menor velocidade de contágio por covid-19 e a recuperação da economia estão dando ao Brasil "uma respirada" após "alguma perda de serenidade" durante o período mais crítico da pandemia, disse o ministro da Economia. Segundo ele, a equipe econômica vai agora correr "até os 45 do segundo tempo" para aprovar reformas que melhorem a situação fiscal do país.
Em live promovida pelo Itaú, Guedes classificou o "barulho institucional" que ganhou força entre os poderes há três ou quatro meses de "demarcação de território", mas ressaltou que esse ruído já regrediu.
— Estão emergindo de volta as reformas — afirmou.
— Era natural que houvesse alguma perda de serenidade durante pandemia. Com doença descendo e economia voltando, Brasil está dando uma respirada — avaliou o ministro.
Na avaliação de Guedes, o governo e o Congresso precisam aprovar o mais rápido possível o Pacto Federativo e, na medida do possível, outras reformas estruturais ainda em 2020.
— Tem gente achando que acabou o timing de uma coisa ou outra. Mas nós corremos até os 45 do segundo tempo, até 46 ou 47 se houver prorrogação — destacou Guedes.
Segundo o ministro, durante o período eleitoral, já havia a ideia de fazer "uma pauta mais técnica, menos incandescente", o que inclui a autonomia formal do Banco Central.
— Temos apoio para avançar com marcos regulatórios. Depois, entramos de forma acelerada na agenda fiscal — disse.