Mesmo com leve recuo em agosto, o desemprego no Rio Grande do Sul segue em patamar maior do que o verificado no início da pandemia de coronavírus. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Covid19), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), indica que o Estado fechou o mês passado com 562 mil pessoas sem ocupação, queda de 1% frente a julho. No entanto, na comparação com a primeira edição do levantamento, feita em maio, há crescimento de 17,1% na desocupação. Na ocasião, 480 mil gaúchos se encontravam neste grupo.
— O número de desocupados preocupa, está em linha com a queda (de 10,7% no ano) do Produto Interno Bruto (PIB) gaúcho, e projeta dificuldade de recuperação do mercado de trabalho. A base do mercado, os trabalhadores com Ensino Médio e Fundamental, é a mais afetada — constata Gustavo Inácio de Moraes, economista e professor da Escola de Negócios da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
Com isso, ao longo da pandemia, a taxa de desemprego saltou de 8,4% para 9,9% no Estado. Em agosto, o indicador se mante estável em relação a julho, quando o índice ficou em 10%. Além disso, a Pnad Covid19 indica que a população fora da força de trabalho atingiu 3,827 milhões de pessoas, o mesmo patamar do mês anterior.
O IBGE também aponta que há 927 mil gaúchos sem ocupação que não procuraram trabalho na semana anterior à pesquisa, mas gostariam de trabalhar, o maior número na série iniciada em maio. Neste grupo, 521 mil não foram atrás de emprego por causa da pandemia ou pela falta de oportunidades no local onde vivem.
Neste sentido, com a desaceleração do ritmo de contágio e a retomada das atividades econômicas, a tendência é que esse grupo passe a engrossar o contingente dos desocupados ou então o dos ocupados. Com isso, na pandemia a taxa de desemprego saltou de 8,4% para 9,9% da população. Em agosto o indicador se mante estável em relação a julho, quando o índice ficou em 10%.
— É de se esperar que parte dessa população fora da força de trabalho por causa da pandemia volte ao mercado de trabalho. A questão é se o mercado conseguirá absorver essas pessoas — aponta Luis Eduardo Puchalski, gerente substituto de pesquisas do IBGE no Rio Grande do Sul.
Ocupação
O gerente do IBGE ainda constata que, em agosto, a população ocupada também teve leve incremento de 12 mil pessoas frente a julho e chegou a 5,092 milhões de gaúchos. O contingente foi puxado pelos trabalhadores por conta própria, os autônomos, que saíram de 1,464 milhões para 1,508 milhões. Já o grupo de empregados com carteira assinada caiu de 2,014 milhões para 2,001 milhões.
O estudo indica que há 497 mil pessoas ocupadas e não afastadas das suas atividades que trabalham de forma remota, volume recorde na Pnad Covid19. Em maio, esse grupo era de 449 mil indivíduos.
Com a retomada das atividades econômicas em diversas localidades do Estado, o número de horas efetivamente trabalhadas, na média de todos os trabalhos, vem crescendo a cada mês. Em agosto foram 34 horas, contra 33 em julho e 30 em maio. A massa dos rendimentos dos gaúchos acompanha a mesma trajetória, ficando em R$ 11,094 bilhões. Em julho, havia sido de R$ 10,758 bilhões e, em maio, de R$ 10,521 bilhões.
O rendimento médio real do gaúcho, levando em consideração todos os trabalhos, foi de R$ 2.599 em agosto, o que representa avanço de 0,3% contra julho e valorização de 1,9% desde maio. O resultado é creditado a efeito estatístico. Com a saída de trabalhadores menos qualificados da força de trabalho e a manutenção dos postos de trabalhadores com maior escolaridade e, consequentemente, maiores salários, a renda média acabou subindo.