Em entrevista ao Gaúcha Atualidade nesta quinta-feira (9), o ex-presidente da Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul) Anton Karl Biedermann defendeu as medidas de enfrentamento ao coronavírus, mesmo diante dos impactos das restrições na área econômica. No RS, o modelo de distanciamento controlado adotado pelo governo não é unanimidade no setor empresarial e produtivo, inclusive entre a atual presidência da entidade.
— Acho que o fundamental é preservar as vidas. Isso é fundamental. Sem vida, nada existe. Temos que preservar com todas as consequências tremendas na área econômica — afirma Biedermann, antes de ponderar:
— Empresas vão fechar e muitas delas não vão reabrir. Temos que trabalhar (em prol das saúde financeira das empresas), e não vejo nada neste sentido, para prever como vamos sair disso — completa.
O ex-presidente da Federasul criticou a falta de liderança no combate a pandemia no país. Para o empresário de 95 anos, um dos grandes líderes reconhecidos da área, o presidente Jair Bolsonaro "é um fracasso total" na condução de medidas de combate ao coronavírus, principalmente pela omissão diante da responsabilidade.
— Não tem liderança (do Bolsonaro). Deveria desde o início ter assumido a liderança, só complicou, provocou desavenças entre os diversos atores deste cenário. Muito ruim mesmo. (...) Todos nós esperávamos que fossem feitas as reformas necessárias no âmbito da União. A reforma da Previdência foi a melhor de todas, não sei se vai funcionar. Mas fora isso, nada foi feito. Reforma tributária, programa melhor de distribuição de renda. A desigualdade aumenta no Brasil dia a dia. Nada, nada é feito neste sentido —avalia.
Para Biedermann, no entanto, o empresariado fica "reclamando aqui e ali mas sem apresentar solução para os problemas":
— Acho que o empresariado está muito omisso, desde o tempo petista, onde havia aquela roubalheira desenfreada, mas todo mundo sabia que existia. Desde aqueles tempos eu reclamava de grandes empresários nacionais perante aquela desgraça que estava acontecendo. A resposta dos líderes era sintomática: não te esquece que vivemos num país não democrático. Por que não democrático? Me disse um empresário: porque com uma canetada o presidente pode destruir o meu grupo. E esse medo prevalece até hoje, de maneira que houve silêncio absoluto.