À medida em que as conversas sobre a recriação da CPMF avançam no governo, João Amoêdo, fundador do Partido Novo, posiciona-se como um dos grandes nomes contrários ao tributo. Além de considerar a CPMF um imposto cumulativo, que incide mesmo que o contribuinte não tenha realizado resultado, ele avalia que a argumentação de quem a defende está errada na origem.
— O principal argumento que a gente ouve é que esse é um imposto fácil de ser cobrado. Mas, na área pública, a principal preocupação deveria ser se o dinheiro está sendo bem aplicado — afirma.
Ele discorda da ideia de que a CPMF funcionaria como compensação à desoneração da folha de pagamentos. A desoneração pode ser feita com redução de despesas, segundo Amoêdo, que foi candidato à Presidência pelo Novo em 2018. A simplificação dos tributos também contribuiria para a desoneração, de acordo com ele.
— O Brasil fica lá atrás nos rankings de produtividade porque a gente tem uma carga tributária que gasta quase 2 mil horas por ano para calcular os impostos pagos. Tudo isso tira produtividade, que se reflete no custo, nos preços. Com mais produtividade, é possível ter mais consumo e impostos mais baratos. Mesmo com alíquotas menores é possível arrecadar mais — diz.
Amoêdo prefere a PEC 45, do economista Bernard Appy, que tramita na Câmara.
— Se CPMF fosse um imposto tão bom, seria adotado pela França, e não pelo Paquistão. Temos de olhar no mundo as melhores práticas. Esse é ruim para a economia como um todo, ele desarranja as atividades produtivas pela natureza como é cobrado, sem uma lógica ligada ao resultado, à eficiência. Tem uma lógica muito do ponto de vista de facilitar arrecadação — diz ele.
Amoêdo também afirma que a CPMF vai aumentar a informalidade, diferentemente do que dizem os defensores da recriação do tributo, que costumam falar que ele seria capaz de incidir até sobre os negócios ilegais, como o tráfico de drogas e o contrabando.
— Isso é imaginar que todas as transações são bancarizadas, que o traficante está vendendo droga e recebendo na conta, quando não é nada disso. Isso vai incentivar o uso de dinheiro, da informalidade — diz ele.