Gigante mundial do comércio online, o Mercado Livre desistiu de abrir um centro de distribuição em Gravataí. A informação foi confirmada pelo prefeito do município da Região Metropolitana, Marco Alba, e pela própria empresa. Segundo o Mercado Livre, as negociações com o governo gaúcho para desburocratizar a atuação de vendedores de fora do Rio Grande do Sul dentro do Estado não foram bem-sucedidas.
A empresa já havia interrompido obras e contratações do novo CD em fevereiro, conforme noticiou a colunista Giane Guerra. Na época, a coluna conversou com o diretor Jurídico e de Relações Institucionais do Mercado Livre, Ricardo Lagreca, que explicou que, pelas normas atuais do Estado, cada vendedor que comercializa produtos pela plataforma teria de abrir uma "filial" no Rio Grande do Sul e que essa exigência inviabilizaria o empreendimento.
Na mesma ocasião, a Secretaria da Fazenda do Estado emitiu uma nota informando que estava trabalhando para "harmonizar a legislação", e que estava em "contato permanente com a empresa e com a Sefaz de SP para garantir o investimento no Estado".
Agora, o Mercado Livre procura um novo ponto na Região Sul para instalar o centro de distribuição. Em março, a coluna Giane Guerra noticiou que a empresa de comércio online estava em reuniões com o governo catarinense. Naquele momento, a empresa falava que o encontro não tinha relação com o empreendimento no Rio Grande do Sul.
Na nota oficial, enviada para a reportagem de GaúchaZH na manhã desta sexta-feira (19), o Mercado Livre não confirma que o empreendimento será transferido para Santa Catarina, mas afirma estar em contato com outras regiões. A empresa ainda agradeceu a receptividade tanto da prefeitura de Gravataí quanto do governo do Estado e afirmou que o hub de entregas que mantém em Porto Alegre não será modificado.
Para a reportagem de GaúchaZH, o prefeito de Gravataí contou que foi informado da decisão na quarta-feira.
— Um representante do Mercado Livre me ligou e disse que infelizmente não vai se instalar no Rio Grande do Sul, mesmo com todos os incentivos que o município atendeu prontamente, por uma questão de tributação do Rio Grande do Sul, do Estado, da Fazenda. É lamentável, no momento tão delicado que o país atravessa. O Estado do Rio Grande do Sul faz o que algum tempo atrás se fazia, que é mandar investidor embora — comentou o prefeito.
A reportagem entrou em contato com a Secretaria da Fazenda do Estado. A pasta informou que segue em tratativa com a empresa e que deve encaminhar mais informações ao longo do dia.
O empreendimento
Confirmado em novembro de 2019, o centro de distribuição da Mercado Livre de Gravataí seria construído em uma área total de quase 50 mil metros quadrados, com faturamento estimado de R$ 450 milhões nos próximos cinco anos. A empresa, inclusive, já havia feito a seleção para algumas vagas de trabalho. Era estimada a contratação de 500 pessoas para o negócio.
Confira a nota do Mercado Livre na íntegra:
"O Mercado Livre confirma que, infelizmente, as negociações com o governo gaúcho para desburocratizar a atuação de vendedores de fora do Rio Grande do Sul dentro do estado resultaram infrutíferas até o momento. No entanto, mantemos nosso propósito de instalar um CD no Sul do Brasil, por ser um importante mercado para nossos usuários, tanto vendedores quanto compradores da plataforma. Já iniciamos conversas com outras localidades na região, onde identificamos um modelo de atuação mais favorável aos empreendedores que atuam em nosso marketplace. Agradecemos muito pela receptividade tanto do governo do Rio Grande do Sul quanto da prefeitura de Gravataí em conversar e ouvir nossas necessidades para operar, e confirmamos que nada mudará com nosso hub de entregas que já existe em Porto Alegre. O Mercado Livre se mantém à disposição para futuras oportunidades."