Depois do abrandamento das medidas anunciadas na sexta-feira (12) em relação ao comércio e ao funcionamento dos shoppings, as entidades empresariais veem com cautela o resultado das negociações que se estenderam pelo final de semana. As novas medidas foram anunciadas pelo prefeito Nelson Marchezan na noite deste domingo (14). O decreto com as alterações deve ser publicado na segunda-feira (15) e entra em vigor na terça-feira (16). Neste domingo, as entidades se reuniram com o prefeito para mostrar sua insatisfação com o retorno das restrições mais duras.
Para o presidente do Sindicato dos Lojistas de Porto Alegre (Sindilojas POA), Paulo Kruse, a entidade não está satisfeita com a situação proposta, mas que o momento não serve para contestação, mas para conscientização.
— O Sindilojas representa o pequeno, o médio e o grande. Não podemos dizer que estamos satisfeitos. Entendíamos que o comércio deveria permanecer aberto e que outras medidas fossem tomadas, como utilização de ônibus, maior divulgação e tomada de cuidados. As lojas estavam seguindo os protocolos, mas não podemos negar que houve o aumento (de casos). Se aumentar mais, podemos ter até o fechamento total, mas se abrandar poderemos ter a abertura total. Por isso é importante que todos tomem os cuidados para evitar o pior. Não é o que gostaríamos desta medida, mas não temos o que contestar, são evidências científicas que a prefeitura nos mostrou e não podemos nos opor — disse, a GaúchaZH.
Já para o presidente da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), Glauco Humai, as mudanças de decisões fazem parte do momento de incerteza em que o país vive desde os primeiros casos de coronavírus.
— Todas as decisões são passíveis de análise posterior e de mudança de direção. Estamos nos reestruturando e reorganizando para voltar. Vínhamos nos recuperando, com protocolos rígidos e robustos. Fomos pegos de surpresa com o anúncio de que fecharíamos. Recorremos ao prefeito com diálogo. Antes da pandemia, o tempo médio de um frequentador de shopping era de 76 minutos. Agora, o tempo médio é de 25 minutos. O consumidor está mais consciente. Essa consciência somada às medidas dos shoppings de higienização, sanitização, afastamento social, monitoramento, redução de espaço e de estacionamento dão segurança para operar este setor tão importante para os municípios que têm shopping no Brasil. Viemos na toada de mostrar que é possível conciliar a economia, que é tão importante, com a saúde, que é o mais importante — explicou, em entrevista ao Faixa Especial, da Rádio Gaúcha.
Na mesma linha, o Sindicato de Hospedagem e Alimentação de POA e Região (Sindha) avalia que o quadro se tornou positivo, no comparativo com a decisão da sexta-feira, com maiores restrições.
— O setor da gastronomia avalia as decisões do Executivo Municipal neste momento como uma forma possível de conviver entre a economia e a saúde. Claro que não gostaríamos de nenhum passo atrás nas liberações, mas dentro do que estava proposto na coletiva de imprensa de sexta-feira, e em comparação ao que temos agora, é um quadro bem melhor. É um decreto que indica um cenário menos traumático, mas não quer dizer que seja o ideal. Avaliando as decisões do prefeito, o setor se sente, neste momento, satisfeito com estas definições. É preciso olhar para o quadro da saúde com responsabilidade — afirmou Chmelnitsky, presidente do Sindha, por meio de nota da entidade.
Os representantes da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no RS (Abrasel/RS) também se reuniram com o prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan, e aprovaram a postura do executivo, vendo isonomia entre comércio em geral e os estabelecimentos situados nos shoppings da Capital.
— Para este primeiro momento, é uma boa alternativa, é mais justa e igualitária. Mas precisamos pensar em questões a longo prazo e com cautela, pois é vital para o setor manter as operações funcionando. Nossa maior preocupação é que com mais uma ordem restritiva de operações, muitos restaurantes e bares não suportem e fechem as portas em definitivo. Nós não queremos que isso aconteça. Se for necessário, iremos adaptar novamente as operações e estruturar novas alternativas para manter o setor ativo — ponderou Maria Fernanda Tartoni , presidente da Abrasel no RS, via assessoria de imprensa.