A montadora francesa Renault, que enfrenta graves dificuldades financeiras e foi muito afetada pela crise do coronavírus, anunciou nesta sexta-feira (29) que vai cortar 15 mil postos de trabalho no mundo. Em resposta ao anúncio, às 7h55min de Brasília, a ação da empresa caía 6,03% no índice CAC 40, da Bolsa de Paris.
A medida é parte de um plano de cortes de 2 bilhões de euros (US$ 2,2 bilhões) em três anos.
"Este projeto é vital", declarou a diretora geral Clotilde Delbos, citada em um comunicado. No total, as demissões representam 8% dos funcionários da empresa no mundo (180 mil).
A França também será afetada, com o corte de 4,6 mil postos de trabalho dos 48 mil no país.
As demissões não ocorrerão de maneira direta e, sim, por meio de aposentadorias que não serão substituídas e "medidas de conversão, mobilidade interna e demissões voluntárias", indicou a Renault.
A empresa tem excesso de produção a nível mundial e anunciou em fevereiro o primeiro prejuízo em 10 anos.
A crise do coronavírus foi outro golpe para o mercado de automóveis, que já estava em crise. Em abril, as vendas caíram 76,3% em consequência do fechamento das concessionárias em muitos países.
Neste contexto, a Renault e seus aliados, Nissan e Mitsubishi Motors, decidiram na quarta-feira uma mudança de estratégia para privilegiar a rentabilidade, ao invés da corrida para produzir cada vez mais que havia sido aplicada pelo ex-presidente do grupo, Carlos Ghosn.
O objetivo agora é produzir em conjunto quase metade dos modelos das três empresas até 2025.
A Nissan reduzirá em 20% a capacidade de produção mundial nos próximo três anos e fechará uma fábrica na Espanha.
No caso da Renault, a fábrica de Flins (perto de Paris), com 2,6 mil trabalhadores, deve parar de produzir carros em 2024 e se concentrará na reciclagem de peças.
A Renault fechará apenas uma fábrica das 14 que possui na França, informou a montadora.
No restante do mundo, a empresa, que comercializa cinco marcas, anunciou a "suspensão de projetos de aumento de capacidades previstas para Marrocos e Romênia".
A Renault também está estudando "a adaptação das capacidades de produção na Rússia e a racionalização da fabricação de caixas de câmbio no mundo".
A capacidade mundial de produção deve passar de 4 milhões de veículos atualmente para 3,3 milhões.
O corte é muito importante: 650 milhões de euros (US$ 722 milhões) anuais a menos em custos fixos, 800 milhões (US$ 889 milhões) a menos em engenharia, e 700 milhões (US$ 777 milhões) de economia em gastos gerais, entre outros.
No total, a redução deve alcançar 2,15 bilhões de euros (US$ 2,39 bilhões) por ano a menos em custos fixos quando o plano chegar ao fim.