O lucro do Banco do Brasil (BB) caiu 20,1% no primeiro trimestre de 2020 ante igual período de 2019, ficando em R$ 3,4 bilhões. É a primeira retração no lucro do banco desde o quarto trimestre de 2016, quando caiu 34%.
O recuo no período foi reflexo do grande aumento das reservas para cobrir eventuais calotes, os quais têm perspectiva de aumento ante a atual crise econômica do coronavírus. Essas provisões tiveram alta de 63,3% no período, para R$ 5,5 bilhões. Do total, cerca de R$ 2 bilhões são parte de uma reserva complementar adicionada em resposta ao atual cenário.
Em relatório divulgado nesta quinta-feira (7), o Banco do Brasil afirmou que a divisão da provisão adicional ficou principalmente para o segmento de pessoas físicas, com R$ 1,17 bilhão. O segmento pessoa jurídica, por sua vez, ficou com R$ 824 milhões da provisão complementar, enquanto o agronegócio teve R$ 46 milhões. A inadimplência do banco público ficou em 3,17%, aumento de 0,17 p.p. (ponto percentual) em relação ao primeiro trimestre de 2019.
O Banco do Brasil é o último dos quatro grandes bancos de capital aberto do país a divulgar seu resultado do primeiro trimestre. Com exceção do Santander, os demais apontaram tombos significativos nos lucros líquidos do período, primordialmente causados pelo aumento das reservas para calotes.
Apesar da queda no lucro, a carteira de crédito ampliada do BB — que inclui títulos de valores mobiliários — apresentou avanço de 5,8%, para R$ 725,1 bilhões. O destaque ficou para a carteira de pessoas físicas, que cresceu 9%, para R$ 217,2 bilhões.
Já os empréstimos voltados para a pessoas jurídicas subiram 5,9% no período, para R$ 221,9 bilhões. As concessões para micro, pequenas e médias empresas tiveram avanço de 12%, para R$ 66 bilhões, enquanto o crédito para grandes empresas apresentou uma queda de 3%, para R$ 103,1 bilhões.
No início da pandemia, o Banco Central havia anunciado um pacote de medidas para injetar dinheiro no sistema financeiro, tais como a possibilidade de empréstimos garantidos por letras financeiras às instituições e a redução dos compulsórios (parcela do dinheiro dos clientes que os bancos deixam retida no BC).
Os bancos também são responsáveis por 15% do total de recursos — os outros 85% serão financiados pelo governo — a serem emprestados pela linha de crédito emergencial voltada para financiar a folha de pagamento de pequenas e médias empresas (com faturamento anual de R$ 360 mil a R$ 10 milhões). O crédito total a ser liberado é de R$ 40 bilhões.
Em nota, o banco afirmou que, em linha com a nota emitida pela Febraban e com o objetivo de minimizar os impactos momentâneos do atual cenário de pandemia, ofereceu aos clientes a possibilidade de repactuação de dívidas entre 60 e 180 dias, além de outras ações de apoio e orientação.
O BB manteve até R$ 100 bilhões para linhas de crédito, R$ 24 bilhões para pessoas físicas, R$ 48 bilhões para empresas, R$ 25 bilhões para o agronegócio e R$ 3 bilhões para suprimentos na área de saúde por prefeituras e governos. Segundo o banco, foram registrados mais de R$ 98 bilhões em desembolso de crédito e prorrogações.
"Seguimos avaliando e monitorando os potenciais impactos na carteira de crédito, considerando as peculiaridades dos diversos segmentos, setores e linhas de crédito e temos adotado medidas proativas para a gestão do risco e do capital. Trabalhamos para preservar a continuidade das nossas operações e a sustentabilidade de longo prazo de nossa empresa e do relacionamento com nossos clientes e com nossos acionistas", afirmou o banco em relatório.
As receitas com tarifas do BB tiveram alta de 4%, para R$ 7,1 bilhões. A margem financeira líquida (receitas com operações de crédito) do banco caiu 9,5%, para R$ 8,5 bilhões.
Segundo o Banco do Brasil, em razão do ambiente de alta volatilidade e de incerteza decorrentes da pandemia do novo coronavírus, que tem exigido atualizações frequentes de cenários e de premissas, dificultando a construção de estimativas acuradas, as projeções para o ano (guidance) foram suspensas.