Os termômetros marcavam 32°C às 14h desta terça-feira (28), no bairro Igara, em Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre. Em frente à agência da Caixa, na Avenida Boqueirão, a fila com mais de 60 pessoas dobrava a esquina. Sentada no meio-fio, a diarista Teresa de Fátima Paz, 50 anos, aguardava atendimento para sacar os R$ 600 do auxílio emergencial criado pelo governo para combater os efeitos da crise econômica causada pela pandemia de coronavírus.
— Tô tremendo de fome, mas tem que esperar. Não quero ir para casa e ter voltar amanhã — contou, enquanto segurava a senha de número 131.
A diarista revelou que está sem trabalhar há cerca de um mês. O marido, que vive de bicos na Centrais de Abastecimento (Ceasa), na Capital, também viu o dinheiro minguar:
— O serviço está ruim para ele também, mas estamos vivendo do trabalho dele.
Natural de Santa Rosa, no noroeste do RS, Teresa se mudou com os pais para a região metropolitana ainda criança. Atualmente, mora com o marido e o filho no bairro Guajuviras. Assim como ela, muitas pessoas que estavam na fila não usavam máscara.
— Não adianta ter medo, quanto mais a gente pensar, pior é — comentou.
Após cinco horas aguardando, a senha foi chamada e Teresa conseguiu realizar o saque.
— Vou fazer um rancho e colocar comida dentro de casa. Vou aproveitar também para comprar (um botijão de) gás — comemorou.
Nesta terça, quem nasceu em março e abril pôde fazer o saque do auxílio emergencial em dinheiro direto nas agências da Caixa e lotéricas. Foram registradas longas filas em agências da Capital e região metropolitana. Na quarta-feira (29), os nascidos entre maio e junho terão direito ao benefício.