Após fechar a semana passada em clima de tensão, o mercado financeiro operou nesta segunda-feira (27) com mais tranquilidade. Ao final do dia, a bolsa de valores de São Paulo (B3) teve alta de 3,86%, a 78.238 pontos. Enquanto isso, o dólar fechou a sessão com leve baixa de 0,07%, cotado a R$ 5,664.
Conforme analistas, o desempenho pode ser explicado por uma combinação de fatores internos e externos. No cenário local, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que o ministro da Economia, Paulo Guedes, é "o homem que decide" as questões da área econômica. A manifestação acalmou os ânimos do mercado, já que investidores demonstram simpatia pela agenda de austeridade fiscal defendida por Guedes.
Na sexta-feira (24), a permanência do ministro foi colocada em xeque depois de Sergio Moro, então titular da pasta da Justiça e Segurança Pública, deixar o governo Bolsonaro e acentuar a crise política que atinge o Planalto. Na ocasião, Moro indicou que o presidente teria buscado interferir nos trabalhos de investigação da Polícia Federal (PF).
No cenário internacional, o mercado também reagiu bem nesta segunda-feira a sinalizações de apoio à economia em meio à crise do coronavírus. Bolsas no Exterior operaram no azul ao longo do dia.
— A saída do Moro havia mexido com o mercado na semana passada. A promessa de que o ministro Paulo Guedes ficará no governo melhorou as expectativas. Além disso, dados sobre estímulos monetários e fiscais à economia também ajudaram no cenário externo — observa Denilson Alencastro, economista-chefe da Geral Asset.
Apesar da trégua no início da semana, Denilson aponta que o cenário ainda é marcado pela volatilidade. Ou seja, em meio à crise do coronavírus, cotações podem subir ou descer de maneira abrupta devido a incertezas que seguem no horizonte.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta que a economia mundial terá em 2020 a pior recessão desde 1929. Conforme a instituição, o Produto Interno Bruto (PIB) global deve cair 3% neste ano. O Brasil deve pegar carona nesse movimento indigesto. A previsão é de que a economia nacional desabe 5,3% nesta ano, aponta o FMI.
— O cenário não mudou. A bolsa vem de uma queda considerável em razão da pandemia de coronavírus e da desconfiança sobre a política econômica no Brasil — reforça Alencastro.