BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Com a crise provocada pelo coronavírus, as companhias aéreas começaram a reduzir ao mínimo necessário os voos pelo país. Depois de discussões entre governo, Anac (Agência Nacional de Aviação) e empresas, ficou definido que haverá ao menos um voo diário de ida e outro de volta entre as capitais.
A Gol foi a primeira a anunciar, nesta terça-feira (24), que fará somente 50 voos diários entre o aeroporto internacional de São Paulo, em Guarulhos, e as demais 26 capitais. As novas rotas começam a partir de sábado (28) e vão vigorar até o início de maio.
Todas as operações regionais e internacionais regulares da companhia estarão suspensas. A redução representa uma redução de 92% do mercado doméstico e de 100% do mercado internacional.
Latam e demais companhias também devem anunciar redução da malha nesta semana, em resposta à menor demanda durante a pandemia do coronavírus.
As empresas precisam submeter o plano de revisão de voos para a Anac (Agência Nacional de Aviação), que aprova a redução. A ideia é que não haja sobreposição de voos.
A redução de malha foi uma das medidas discutidas nesta segunda-feira entre o Ministério de Infraestrutura, Anac e companhias aéreas.
Diferentemente de outros países, que fecharam o espaço aéreo, o governo brasileiro quer manter o mínimo de voos para garantir a circulação de profissionais de saúde e o abastecimento das cidades, especialmente com medicamentos e equipamentos médicos.
As companhias aceitaram o esquema, mas pedem que o governo abra linhas especiais de financiamento.
Estimativas feitas na reunião pelas empresas indicam que, mesmo operando com somente um voo diário, elas terão um taxa de ocupação de cerca de 40%, o que significa que estarão registrando prejuízo.
Segundo a Abear, associação que representa as companhias, a previsão é de que até o final desta semana, a demanda de voos domésticos esteja zerada (redução de 100%). A procura por voos internacionais já estava neste patamar no início desta semana.
O presidente da entidade, Eduardo Sanovicz, disse que as companhias também estão repatriando brasileiros nesta semana com voos especiais.
"As empresas já trouxeram cerca de 16 mil brasileiros", disse Sanovicz. "Mas ainda há milhares para trazer de volta. Somente no Peru há 300 pessoas."
O problema, segundo Sanovicz, são as restrições severas impostas por muitos países. No Peru, que fechou o espaço aéreo, o Ministério de Relações Exteriores ainda tenta negociar autorização para que seis voos (que estão prontos para sair) possam entrar no país vizinho -três para Cuzco (base para Machu Pichu) e três para a capital Lima.