Várias companhias aéreas europeias adotaram nesta segunda-feira (16) medidas de redução de suas atividades diante da queda de demanda provocada pelo coronavírus. As empresas também apelaram aos governos por uma ajuda urgente para evitar que o setor afunde.
O International Airlines Group (IAG) — proprietário da British Airways, Iberia, Vueling entre outras — anunciou uma redução de sua capacidade em "ao menos 75%" por causa da pandemia, que fez muitos países restringir as viagens e cancelar deslocamentos.
No primeiro trimestre do ano, a capacidade de transporte do IAG caiu 7,5% em ritmo anual, estimou a empresa, que assegura ter "liquidez sólida", mas que não forneceu previsões para os lucros para 2020 "em razão da incerteza do impacto potencial e da duração da covid-19".
O grupo formado por Air France e KLM anunciou que nos próximos dois meses reduzirá entre 70% e 90% sua oferta de assentos-quilômetros, unidade que serve para calcular o número de passagens oferecidas.
A Air France-KLM "acompanha a evolução e avaliará sua oferta, se necessário", afirmou em comunicado o grupo, cujas ações perdiam mais de 17% na abertura da bolsa de Paris. A companhia aérea francesa imobilizará "toda a sua frota Airbus 380" e a holandesa "toda a sua frota de Boeing 747".
O grupo também alertou "uma trajetória financeira fortemente afetada" com relação aos objetivos anunciados no final de fevereiro. A queda em sua atividade será compensada "em aproximadamente 50% pela redução nos custos variáveis", afirmou o comunicado.
A Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA) alertou há 10 dias que as companhias aéreas poderiam perder até US$ 113 bilhões em receita em 2020 devido ao impacto da pandemia de codiv-19.
As companhias aéreas de baixo custo estão tomando medidas semelhantes. A Ryanair, da Irlanda, alertou nesta segunda-feira que as restrições impostas por vários governos resultarão no "congelamento da maior parte de sua frota na Europa nos próximos 7 a 10 dias".
A Austrian Airlines (AUA), filial do grupo Lufthansa, anunciou a suspensão a partir de quinta-feira de todos os seus voos em razão da "queda acentuada da demanda". Já a britânica Easyjet anunciou ter "estabelecido novos cancelamentos de voos" que poderiam ser traduzidos no curto prazo pela "manutenção em solo da maioria da frota".
"Não é certo que as empresas europeias (...) sobreviverão a um congelamento de viagens a longo prazo", insistiu a Easyjet, instando as autoridades públicas a tomarem medidas urgentes para ajudar o setor.
Na bolsa de Londres, a IAG e a Ryanair perdiam 21% cada, e a Easyjet 27% às 9h (hora local).
De acordo com os jornais britânicos The Guardian e Financial Times, o presidente do conselho de administração da Virgin Atlantic planeja enviar uma carta ao primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, solicitando um plano de resgate de entre 5 e 7,5 bilhões de libras (5,5 a 8,2 bilhões de euros).
Para preservar sua liquidez, a British Airways e a KLM já anunciaram que terão que cortar milhares de empregos.