Seguindo o ritmo nacional, o Rio Grande do Sul registrou desempenho negativo na geração de empregos formais em dezembro. No período, o Estado fechou 18.688 vagas — resultado de 70.161 admissões e 88.849 demissões —, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados pelo Ministério da Economia na manhã desta sexta-feira (24).
Mesmo com o fechamento de 18 mil postos no último mês do ano, o Estado mais contratou do que demitiu em 2019, com saldo positivo de 20.426 vagas.
Em dezembro, dos setores pesquisados, indústria de transformação (- 11.143 vagas), agropecuária (- 4.787), serviços (- 3.462) e construção civil (- 1.971) puxaram o resultado negativo no RS. Na outra ponta, o comércio (+ 2.731) fugiu da curva descendente com mais fôlego.
Caxias do Sul (-2.859), Vacaria (-2.169) e Porto Alegre (-1.313) foram os municípios com pior variação entre contratações e demissões no mês. Capão da Canoa (+1.224), Torres (+574) e Tramandaí (+546), no Litoral Norte, aparecem no topo da lista.
Na série histórica, que começou em 2004, o Estado nunca conseguiu contratar mais do que demitir em dezembro. Comparado com o mesmo período de 2018, quando emplacou saldo negativo de 22.266, o fechamento de vagas em dezembro de 2019 foi 16% menor.
Setor de serviços impulsiona resultado positivo em 2019
Levando em conta todo o ano de 2019, o resultado positivo no Estado foi puxado pelo setor de serviços, com saldo de 18.176 vagas. Na outra ponta, a construção civil registrou o pior desempenho, com o fechamento 3.580 postos.
Comparando com 2018, quando fechou o ano com abertura de saldo de criação de 20.249 _ em valores ajustados até dezembro —, o Estado apresentou relativa estabilidade na geração de emprego em 2019.
São Leopoldo, no Vale do Sinos, foi o município com melhor desempenho na geração de empregos em 2019, com saldo positivo de 1.595 vagas. Canoas, na Região Metropolitana, é a cidade que mais fechou vagas no ano passado: 810.
O professor de Economia do Trabalho da UFRGS Giácomo Balbinotto Neto afirma que os resultados negativos da Construção Civil e da Indústria de Transformação em 2019 ocorrem em razão da falta de renda da população, que acaba freando os investimentos nessas áreas. O especialista destaca que esse cenário preocupa, pois são dois setores que costumam ajudar na criação de vagas de emprego. Balbinotto Neto avalia que a geração de emprego no Estado está estagnada e prevê que a retomada seguirá lenta em 2020.
— O que a gente pode esperar para o Rio Grande do Sul neste ano é uma recuperação bastante lenta, puxada pelos setores de Serviços e de Comércio, mas a perspectiva de recuperação maior fica para 2021 — explica Balbinotto Neto.
Brasil no vermelho em dezembro, mas no azul em 2019
Comparando com as outras unidades da federação, o Rio Grande do Sul ficou na 16ª posição na geração de emprego. Nenhum Estado registrou saldo positivo em dezembro.
Os dados do Caged mostram que o país também registrou retração na geração de emprego formal em dezembro do ano passado, com saldo de -307.311, resultado de 990.848 admissões e 1.298.159 desligamentos no mês. No ano, o Brasil registrou saldo positivo de 644.079 postos — melhor resultado em seis anos.