O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta sexta-feira (1) que a orientação econômica do Brasil é contra cartéis como a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), que reúne alguns dos maiores produtores mundiais.
Na quarta (30), o presidente Jair Bolsonaro afirmou em evento com investidores que gostaria que o Brasil integrasse a organização, mas que precisaria conversar com Guedes e com o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, sobre o assunto.
— As nossas concepções, como parte das democracias liberais ocidentais, jamais seriam de usar cartéis, fortalecer cartéis para encurralar democracias que giram em cima de óleo — disse o ministro da Economia nesta sexta. — Nosso espírito não é esse — acrescentou.
Guedes participou de assinatura do aditivo ao contrato da cessão onerosa, que garantiu à Petrobras o direito de explorar cinco bilhões de barris de petróleo do pré-sal em troca de ações para o governo no processo de capitalização da estatal, em 2010.
O aditivo garante à estatal R$ 33 bilhões em ressarcimento pela queda no preço do petróleo entre a assinatura do contrato original e a confirmação de descoberta das reservas, e permite a realização do megaleilão do pré-sal na próxima semana.
O leilão vai oferecer volumes excedentes aos cinco bilhões de barris aos quais a Petrobras tem direito. É considerado a maior oferta de reservas de petróleo já feita no mundo, com potencial de arrecadação de até R$ 106 bilhões, caso todas as áreas sejam vendidas.
Na cerimônia, o governo disse que o Brasil pode subir da décima para a quinta posição entre os maiores produtores mundiais de petróleo. Assim, disse Guedes, o convite para participar da Opep é "inevitável". Ele frisou, porém, que o governo "acredita na democracia, na economia de mercado, na cooperação e integração".
O cartel reúne países árabes e a Venezuela, com o objetivo de tentar controlar os preços do petróleo por meio de ajustes na oferta global — cortando produção quando os preços estão muito baixos ou ampliando a oferta em caso de disparada nas cotações.
Guedes afirmou que o país vai receber investimentos de países dependentes de petróleo.
— Será que devemos devolver exatamente através de acordo para controla preços? — questionou.
Ele disse, porém, que como princípio "geopolítico", o país deve sentar e conversar "em qualquer ambiente".
Também presente à cerimônia, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, evitou opinar sobre o tema, alegando que ainda não se reuniu com Bolsonaro após a viagem do presidente.