A Petrobras decidiu esperar antes de decidir por reajustes nos preços da gasolina e do diesel. A avaliação na empresa é que o mercado ainda está muito volátil e que é preciso entender para onde vão as cotações internacionais, que subiram 13% nesta segunda (16).
Foi a maior alta diária desde o fim de 2008, em resposta a corte recorde na produção mundial após ataques a instalações petrolíferas na Arábia Saudita, que tirou do mercado uma capacidade equivalente a 5,7 milhões de barris por dia, ou 5% da oferta global.
Em entrevista à TV Record, transmitida na noite desta segunda, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que falou com o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco.
— Nós conversamos e, como é algo atípico e em princípio tem fim para acabar, ele não deve mexer no preço do combustível.
No entanto, a estatal não se manifestou oficialmente sobre o tema, mas a reportagem apurou que a direção da empresa decidiu não acompanhar o movimento diário das cotações internacionais no primeiro dia útil após os ataques, já que os preços podem ceder nos próximos dias.
A política de preços da companhia prevê acompanhar as cotações internacionais, com base em um conceito conhecido como paridade de importação — que simula quanto custaria para trazer combustíveis ao mercado interno.
Embora não haja prazos mínimos entre reajustes, a estatal vem fazendo ajustes em períodos mais estendidos do que durante o governo Michel Temer, quando as mudanças chegaram a ser diárias. Essa política gerou insatisfações que culminaram com a greve dos caminhoneiros, em maio de 2018.
O último reajuste no preço da gasolina foi anunciado no dia 5 de setembro. Já o preço do diesel subiu duas vezes este mês: no dia 5 e na sexta (13).
Para analistas, a crise atual é um teste para a autonomia da Petrobras em alterar os preços dos combustíveis, já questionada em outros momentos — em abril, o presidente Jair Bolsonaro determinou suspensão de aumento do óleo diesel alegando risco de greve dos caminhoneiros.
Em relatórios, analistas dos bancos UBS e Banco do Brasil Investimentos lembraram que fatores externos têm influenciado nas decisões da companhia e que novas intervenções podem prejudicar o processo de venda de refinarias.
O controle de preços, dizem analistas, prejudica a competição e pode desvalorizar os ativos. O plano de negócios da Petrobras prevê a venda de oito de suas 13 refinarias.