A rede varejista Havan pretende inaugurar mais oito lojas no Rio Grande do Sul em 2019, chegando a 10 unidades ao final do ano. Com 16 pontos já confirmados em solo gaúcho, a empresa vai dar os próximos passos do seu plano de expansão em Ijuí, Pelotas, Santa Cruz do Sul, Santa Maria e Viamão, municípios que têm filiais em obras e data de abertura pré-definida. A companhia, que hoje opera em Caxias do Sul e Passo Fundo, prevê investir R$ 300 milhões e gerar 1,5 mil empregos diretos até dezembro, quando completa seu primeiro aniversário de atuação no Estado.
— Até o final de 2022 vamos ter lojas em todos os Estados brasileiros, mas vamos dar prioridade ao Rio Grande do Sul, por ser próximo da nossa base, em Santa Catarina, e por termos sido bem-recebidos — afirma Luciano Hang, proprietário da Havan.
Além das duas unidades abertas e das outras cinco com inauguração confirmada, a Havan deverá abrir, ainda neste ano, pontos em Capão da Canoa, Canela e Rio Grande. Esta última está com parte do canteiro de obras parado há duas semanas, em razão de um possível achado arqueológico na área. A paralisação foi pedida por um arqueólogo contratado pela empresa para acompanhar a construção, seguindo um termo de compromisso firmado pela marca com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Para 2020, estão previstas lojas em Canoas, Erechim, Esteio, Gravataí, Guaíba e Porto Alegre, entre outras cidades a serem confirmadas. Nesta semana, Hang percorreu as obras em andamento e visitou terrenos em Lajeado e Uruguaiana. Outros municípios da Região Metropolitana e da Fronteira Oeste também estão no radar da marca. Neste sentido, o empresário mantém o plano inicial de colocar 50 lojas da Havan no Estado.
A Havan prevê encerrar 2019 com 145 lojas em todo o país e faturamento de R$ 12 bilhões, sendo menos de 5% provenientes das operações gaúchas. No entanto, no médio prazo, Hang aposta que o Rio Grande do Sul se consolidará como um dos três maiores mercados da rede de lojas de departamento, postos hoje ocupados por Paraná, Santa Catarina e São Paulo.
Impacto no comércio local
A Havan foi recebida com euforia nas cidades do Interior onde se instalou. Milhares de pessoas se dirigiram às lojas em Caxias do Sul e Passo Fundo logo após o início das atividades. Em Caxias, mais de 80 mil clientes passaram no local apenas no primeiro final de semana de portas abertas. Com isso, a entrada da empresa no mercado gaúcho acabou trazendo reflexos ao comércio local.
O conselheiro da Associação Gaúcha para o Desenvolvimento do Varejo (AGV) Vilson Noer lembra que a inauguração da rede está fazendo alguns municípios flexibilizarem a abertura aos finais de semana, uma das principais exigências da rede catarinense para a instalação de unidades. Além disso, Noer constata que a empresa tem criado rápida vinculação com as comunidades.
Em Santa Maria, por exemplo, a marca alugou um terreno que pertencia ao Lar das Vovozinhas, que atende mais de 160 idosas. Como a instituição enfrenta dificuldades financeiras, a Havan pagou antecipadamente dois anos de aluguel, o equivalente a R$ 720 mil. Já em Pelotas, foi escolhida uma área pertencente ao Jockey Clube. Na cidade da zona sul, o dinheiro do aluguel deverá ser utilizado na manutenção do hipódromo.
— As prefeituras desejam uma Havan na cidade e até as entidades sindicais acabam mudando regras para recebê-la. Ela acaba sendo transformadora de comportamento. É inevitável que isso acabe interferindo nos negócios concorrentes no início, mas logo há uma adaptação — destaca Noer.
Em Passo Fundo, onde chegou em dezembro passado, a Havan abocanhou fatia expressiva da demanda do comércio nos seus primeiros meses na cidade.
— Como tudo o que é novidade, a Havan virou atração e as vendas do Natal foram bastante comprometidas (nas demais lojas). Teve loja com queda de 15% a 20% nas vendas. O comércio local sentiu impacto, mas agora já está tudo normalizado — garante Carina Sobiesiak, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Passo Fundo.
Por outro lado, Carina avalia que a chegada da rede varejista fez com que o fluxo de pessoas vindas de municípios vizinhos aumentasse nos últimos meses, gerando aumento de fluxo em outros estabelecimentos de Passo Fundo.