RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Com queda nos preços dos combustíveis e dos alimentos, a inflação recuou em junho para 0,01%, 0,12 ponto percentual abaixo do registrado no mês anterior, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Foi a menor taxa desde novembro de 2018, quando houve deflação de 0,21%. Houve recuo do índice em 7 das 16 cidades pesquisadas, inclusive São Paulo -em maio, haviam sido apenas duas.
"É praticamente uma estabilidade", disse o economista do IBGE Fernando Gonçalves, ressaltando que foi o sexto menor índice desde 1995. Além dos impactos de gasolina e alimentos, ele diz que a situação econômica contribui para a inflação mais baixa.
"As famílias estão endividadas, a reposição do mercado de trabalho vem com informalidade, o que não dá segurança. Então, as pessoas concentram seus gastos naquilo que é essencial: transporte, moradia e alimentação", afirmou.
Em 12 meses, o IPCA ficou em 3,37%, abaixo dos 4,66% do mês anterior e menor taxa desde maio de 2018. A meta do Banco Central para dezembro é 4,25%, com margem de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Foi o segundo mês seguido de desaceleração, após um início de ano com o IPCA pressionado justamente por combustíveis e alimentos. Em junho, os grupos alimentação e bebidas e transportes tiveram deflação de 0,25% e 0,31%.
Os alimentos caíram pelo segundo mês consecutivo -em maio, o recuo foi de 0,56%-, puxados por menores preços de frutas (-6,14%) e feijão-carioca (-14,80%). Gonçalves diz que a queda é causada pela maior oferta durante a safra. No início do ano, o feijão era um dos vilões da inflação.
A deflação do grupo transportes foi provocada por queda de 2,41% nos combustíveis, com destaque para a gasolina (-2,04%), que teve a maior contribuição individual para a desaceleração da inflação.
Desde meados de maio, a Petrobras cortou os preços do combustível em suas refinarias quatro vezes, acompanhando a queda das cotações internacionais do petróleo.
Já o grupo saúde e cuidados pessoais teve a maior contribuição positiva, de 0,08 ponto percentual, com alta de 0,64% no mês, devido a aumento de 1,5% no item higiene pessoal.
A inflação dos serviços subiu para 0,34%, ante queda de 0,11% em maio, puxada pela alta de 18,90% nas passagens aéreas, com impactos de início das férias e da Copa América.
A sensação de inflação alta no primeiro trimestre contribuiu para os baixos índices de aprovação do governo Jair Bolsonaro. Segundo pesquisa Datafolha, 48% dos brasileiros esperam aumento dos preços. Esse foi o maior motivo de apreensão dos entrevistados, acima desemprego.
Economistas, porém, vêm revendo para baixo suas expectativas para o ano. O mais recente relatório Focus do Banco Central aponta para 3,80%, 0,09 ponto percentual a menos do que um mês atrás.
No primeiro semestre, a inflação foi de 2,23%, ante 2,60% no mesmo período de 2018.
Em julho, a inflação deve continuar sendo beneficiada pelos preços dos combustíveis -na segunda-feira (8), a Petrobras anunciou novos cortes nos preços da gasolina e do diesel-, mas terá pressão do reajuste de 6,61% na energia de São Paulo.