RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O volume de vendas do varejo brasileiro recuou 0,6% em abril ante o mês anterior, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta quarta-feira (12). A queda ocorre depois de dois meses de estabilidade em março o resultado foi revisado de 0,3% para 0,1% e, em fevereiro, de 0% para -0,1%, na comparação mensal.
"Os resultados mostram que há uma perda de ritmo no varejo em 2019, afirma a gerente da Pesquisa Mensal do Comércio do IBGE, Isabella Nunes.
A situação, explica Nunes, ocorre em função do alto nível de desemprego e a baixa atividade econômica no país. Isso dificulta o crescimento da massa de rendimentos, que é fator fundamental para o crescimento significativo do consumo, diz.
Em relação a abril de 2018, houve alta de 1,7% no volume de vendas de varejo, de acordo com o IBGE. O acumulado no ano é de 0,6% e, nos últimos 12 meses, de 1,4%. O setor segue 7,3% abaixo do seu nível recorde, alcançado em outubro de 2014.
Cinco das oito atividades tiveram queda de março para abril. Os destaques ficaram com hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-1,8%) e tecidos, vestuário e calçados (-5,5%).
Também houve recuo nas vendas de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (-0,7%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (-0,4%) e equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-8,0%), revertendo os resultados positivos apresentados no mês de março.
As atividades em alta nessa comparação foram apenas móveis e eletrodomésticos (1,7%) que registra o quarto resultado positivo consecutivo combustíveis e lubrificantes (0,3%) e livros, jornais, revistas e papelaria (4,3%).
ECOMMERCE E PÁSCOA
Na comparação com o mesmo período do ano passado, o melhor desempenho de abril foi observado nas vendas de outros artigos de uso pessoal e doméstico, com taxa de crescimento de 13,4%, a mais alta do ano.
O segmento engloba lojas de departamentos, óticas, joalherias, artigos esportivos, brinquedos etc. e foi beneficiado pelo dinamismo vindo do ecommerce e do deslocamento do feriado da Páscoa, explica o instituto. As comemorações neste ano aconteceram majoritariamente em abril, enquanto, no ano passado, ocorreram em março.
O calendário da Páscoa também teve impacto positivo nas vendas de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, que subiram 1,6% em abril, ante igual período do ano anterior.
A maior contribuição negativa nessa base de comparação ficou por conta da venda de combustíveis e lubrificantes, com recuo de 3,6%. A elevação dos preços de combustíveis, acima da variação média dos preços, é o fator relevante que vem influenciando negativamente o setor.
O volume de vendas do comércio varejista ampliado, que inclui as atividades de veículos, motos, partes e peças, e de material de construção, ficou estável em relação a março de 2019, após avançar 1,1% no mês anterior. Na comparação com abril de 2018, foi observada alta de 3,1%.
EXPECTATIVAS
Pesquisa de sondagem do comércio feita pelo Ibre (Instituto Brasileiro de Economia) da FGV (Fundação Getulio Vargas) sugere que o setor segue cauteloso. Em maio, o Índice de Confiança do Comércio, calculado pelo instituto, recuou 5,4 pontos, ao passar de 96,8 para 91,4 pontos, retornando ao mesmo nível de setembro de 2018.
A nova queda expressiva da confiança do comércio sugere que os empresários do setor ainda estão encontrando dificuldades com o ritmo de vendas no segundo trimestre. Os indicadores de situação atual refletem o fraco desempenho da atividade no início de 2019 avalia o coordenador da pesquisa, Rodolpho Tobler.
A pesquisa Focus do Banco Central vem apresentado recorrentes reduções na expectativa para o crescimento econômico do país neste ano. A estimativa de expansão do PIB (Produto Interno Bruto) foi rebaixada pela 15ª vez na última semana, chegando a 1% para 2019.