Lideranças dos caminhoneiros e empresários do setor reagiram negativamente à declaração da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, de que a tabela do frete é "perversa" e prejudica o setor produtivo.
_ O ideal é que a tabela caísse pois, afinal, vivemos em uma economia aberta. Precisamos sentar e conversar, para chegar a um entendimento entre as partes e não criar lei e tabelamento _ afirmou a ministra em visita à feira Tecnoshow, em Rio Verde (GO).
Cristina afirmou, contudo, que a Universidade de São Paulo (USP) vai divulgar em maio estudo com uma proposta de tabela. Disse, ainda, que tem conversado sobre o tema com o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, cuja pasta é a responsável pela regulamentação da lei que instituiu a tabela.
A declaração ocorre após a procuradora-geral da República, Raquel Dodge defender a legalidade da tabela de frete mínimo em parecer encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta sexta-feira (5).
"A declaração dada pela ministra está equivocada, uma vez que a lei trouxe transparência às negociações de contratação de frete e regulou um mercado que estava desequilibrado", afirmou Diumar Bueno, presidente da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), em nota.
A entidade afirma, também, que está "à disposição da ministra para dialogar sobre a importância da medida à categoria e para a economia" e que "mantém conversa constante com o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, que já se posicionou favorável" ao tabelamento.
_ É a opinião dela, mas temos uma lei vigente que tem de ser cumprida. Ela defende o setor do agro, tem uma opinião particular. A minha opinião é de que vou lutar para que a regra atual seja mantida _ diz Wallace Landim, o Chorão, um dos articuladores da paralisação dos caminhoneiros em maio de 2018. _ Não queremos um tabelamento em si, mas sim a garantia do custo mínimo de frete. O que buscamos é um preço mínimo porque o transportador é hipossuficiente na negociação, é o lado mais fraco.
Para Claudio Adamuccio, presidente do G10, grupo paranaense que possui 1,7 mil caminhões, o preço pré-fixado é errôneo, mas um preço mínimo é importante para evitar a canibalização do setor.
_ Pelo que sabemos, o estudo da USP vai sugerir pisos, o que é positivo. A primeira tabela tinha problemas, como um pequeno número de perfis de preço. Isso foi revisto _ diz.
Uma das maiores reclamações do formato atual da tabela é referente à precificação de serviços de transporte de produtos químicos ou combustíveis, segundo o presidente de uma grande transportadora que prefere não se identificar. A tabela estipula um valor muito baixo para esse tipo de serviço, que envolve custos e riscos mais altos que as modalidades convencionais, segundo o executivo.