SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - As projeções para o crescimento da economia em 2019, que na metade do ano passado chegaram a encostar em 3%, começam a se aproximar de 1%.
O Itaú Unibanco revisou para baixo nesta sexta (12) sua expectativa de 2% para 1,3%.
Para 2020, a previsão caiu de 2,7% para 2,5%.
Segundo o banco, a revisão incorpora dados correntes mais fracos, além da percepção de um arrefecimento mais amplo da atividade e queda mais lenta do desemprego.
"Os índices de confiança apresentaram recuo generalizado em março e indicam risco de arrefecimento adicional da atividade à frente", diz a equipe, em relatório.
Nesta semana, por exemplo, foram conhecidos os dados do comércio varejista e do setor de serviços de fevereiro.
No varejo, as vendas de fantasias e adereços impediram que o setor recuasse. Já os serviços fecharam fevereiro em queda na comparação com janeiro, a segunda consecutiva.
Em decorrência desse início de ano frustrante, o Itaú agora prevê para o PIB do primeiro trimestre uma queda de 0,1% em relação ao trimestre anterior -em comparação a uma alta de 0,3% projetada anteriormente.
Em relatório, a equipe econômica do banco chama a atenção para a atividade industrial estagnada, com o uso da capacidade instalada ainda em patamar baixo.
Segundo o documento, não há também sinais de melhora do investimento. A expectativa, diz o banco, é que a medida de investimentos na economia deve apresentar nova queda no primeiro trimestre.
O movimento assusta porque os investimentos chegaram a acumular queda de 30% durante a recessão.
Com relação ao consumo das famílias, a expectativa do Itaú é que ele continue em recuperação gradual. A inflação medida pelo IPCA (índice oficial) deve ficar em 3,6% no fim de 2019 e 2020, bem abaixo da meta de estabelecida pelo Banco Central, de 4,25% em 2019.
De forma "estritamente condicional à aprovação da reforma da Previdência", o Itaú passou a projetar queda da taxa Selic dos 6,5% atuais para 5,75% em 2019 e 5,5% em 2020. A atuação da autoridade monetária seria uma resposta ao ritmo lento de recuperação da atividade.
O Itaú também piorou as estimativas de déficit primário (o rombo nas contas do governo), de 1,4% do PIB para 1,5% do PIB em 2019 e de 0,9% do PIB para 1% do PIB em 2020 --cenário também dependente da aprovação da reforma da Previdência.
O banco manteve a projeção do dólar em R$ 3,80 no fim de 2019 e R$ 3,90 em 2020.
A consultoria MB Associados foi outra a alterar a projeção, de 2% para 1,5%.
Sérgio Vale, economista-chefe da MB, diz que o "banho de água fria de um mercado que acreditava em rápida aprovação da reforma tem ajudado a reduzir expectativas gerais sobre a economia."
"Refém da sua incapacidade de acreditar na necessidade de uma reforma robusta, Bolsonaro tem mais atrapalhado do que ajudado na tramitação. Sua performance é uma das responsáveis pelo atraso da aprovação", diz. Para Vale, a reforma sai só no segundo semestre.
As estimativas para o PIB em 2019
2,1%
FMI
2%
Ipea
2%
Banco Central (relatório de inflação)
2%
CNI
1,97%
Boletim Focus do BC
1,5%
MB Associados
1,3%
Itaú