Ao anunciar o nome de Claudio Coutinho como novo presidente do Banrisul, nesta quinta-feira (14), o governador Eduardo Leite acenou para a possibilidade de o governo vender até o limite de ações ordinárias – com direito a voto – que não o faça perder o controle do banco. Leite, que voltou a descartar a privatização da instituição, defendeu a oferta de ações como uma alternativa para avançar nas negociações junto ao governo federal para adesão do Estado ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF).
— Dentro da necessidade de buscarmos condições de adesão ao RRF, o governo do Estado analisa toda a disponibilidade de ativos, desde patrimônio imobiliário até as empresas estatais. E, neste caso do Banrisul, com o compromisso de manter o banco público, olhamos para as ações como oportunidade para que possamos aderir ao regime. Então, no limite do controle, é possível, sim, que essas ações sejam negociadas — disse o governador.
Atualmente, o governo do Estado é sócio controlador do Banrisul, com 98,1% das ações ordinárias. No fim do governo de José Ivo Sartori, houve a venda de 2,9 milhões de ações ordinárias do Banrisul, pelo unitário de R$ 17,65, com arrecadação bruta na transação de R$ 52,5 milhões. Para se manter no controle acionário, o Piratini precisa seguir com mais de 50% desses papéis.
O futuro presidente do banco, de acordo com Leite, participará da decisão entre vender ações ordinárias ou efetivar a adiada abertura de capital (IPO) da Banrisul Cartões, subsidiária do banco.
— Agora, vamos buscar a melhor oportunidade, dentro das condições do mercado, se será com excedentes das ações da holding ou se com a operação com a subsidiária a empresa de cartões. Então isso é uma das missões que caberá à nova diretoria do banco. Há uma expectativa de isso poder ser definido dentro do primeiro semestre — avaliou o governador.
O novo presidente – que assumirá o posto após ser avalizado pelo conselho do banco e pela Comissão de Finanças da Assembleia Legislativa – terá a missão de ampliar a participação do Banrisul em financiamento do agronegócio, de exportações e de investimentos de longo prazo. Sobre esse ponto, Leite disse esperar que o Banrisul participe dos processo de privatizações e concessões.
— Vamos ter uma carteira importante de privatizações, concessões rodoviárias, parcerias público-privadas para saneamento. Todas essas parcerias com setor privado precisarão ser financiadas, e o Banrisul será estratégico como oferta de recursos para esses investimentos — afirmou Leite.
Coutinho defendeu que o banco não reduzirá a sua participação nos pequenos e médios municípios gaúchos, avaliando que a penetração do Banrisul nos pequenos e médios município se trata de “uma das fortalezas e um ativo do banco”.
O futuro presidente do banco, que precisa ainda do aval da Comissão de Finanças da Assembleia antes de assumir o posto, tem 62 anos, é economista, engenheiro civil, fundou e foi CEO do banco CR2 de Investimentos. Ele também tem passagem recente pelas áreas de Crédito e Financeira do BNDES.