O governo de Jair Bolsonaro pretende encerrar até março as atividades da Ceitec, localizada em Porto Alegre, de acordo com o jornal Estado de S. Paulo. A fábrica de chips, criada há 10 anos pelo governo federal, é dependente do Tesouro Nacional e não gera receita suficiente para pagar suas despesas de pessoal e custeio.
As receitas acumuladas desde o início da venda de chips em 2012 até o ano passado alcançaram apenas R$ 16 milhões. O prejuízo, segundo a empresa, chega a R$ 42,6 milhões. A Ceitec recebeu, desde a sua criação, R$ 1,08 bilhão da União em investimentos.
A chamada liquidação deve ser aprovada pelo conselho do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), colegiado formado por ministérios e bancos públicos, além da Presidência da República. A reunião que deve sacramentar a decisão será realizada em fevereiro.
Embora tenham entrado nas empresas por meio de concurso público, os empregados serão demitidos, pois, com a liquidação, as atividades das estatais serão encerradas. A opção pela liquidação ocorre porque não há interesse do mercado em comprar essas companhias, o que inviabiliza a tentativa de privatização.
A Ceitec é vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). A empresa atua na área de dispositivos microeletrônicos e fabrica chips para identificação e rastreamento de produtos, medicamentos e animais.
A fábrica da Ceitec em Porto Alegre tem 194 empregados, com salário médio de R$ 8,6 mil. A empresa recebeu subvenção do Tesouro Nacional de R$ 75 milhões em 2017, além de um Adiantamento para Futuro Aumento de Capital (AFAC) de R$ 1,232 milhão. O grau de dependência de recursos do Tesouro é de 94%, e o patrimônio líquido da empresa é de R$ 105 milhões.
O setor de semicondutores movimenta cerca de US$ 450 bilhões por ano no mundo, cita o dirigente. No Brasil, são entre US$ 10 bilhões e US$ 11 bilhões, mas apenas em torno de US$ 1 bilhão são de vendas de empresas brasileiras.