Os consumidores têm encontrado movimentos distintos no preço de combustíveis desde a greve dos caminhoneiros, no final de maio. Enquanto o litro do diesel caiu como consequência da paralisação, a gasolina teve alta.
Entre a primeira semana da paralisação e a semana passada, o valor médio cobrado pelo litro do diesel nos postos gaúchos teve redução de R$ 0,401, aponta pesquisa da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Ou seja, o corte ainda não chegou ao nível calculado inicialmente pelo governo federal, de R$ 0,46, mas está em patamar previsto por entidades do setor (veja abaixo). Com o resultado, a baixa no período atingiu 10,77% – passou de R$ 3,721 para R$ 3,320.
Caminho inverso percorreu a gasolina. Do início da paralisação até a semana passada, o preço médio passou de R$ 4,601 para R$ 4,785, aumento de R$ 0,184 (3,99%). Segundo os sindicatos de distribuidores e de postos, a alta ocorre por conta da elevação do preço médio ponderado ao consumidor final, mais conhecido como preço de pauta e definido pelo governo do Estado para calcular incidência do ICMS no produto.
Para o presidente do Sulpetro, sindicato dos postos, João Carlos Dal'Aqua, o Piratini busca suprir a perda de arrecadação por conta do acordo entre a União e os caminhoneiros para reduzir o diesel:
— O governo pode estar fazendo esse movimento para se rentabilizar. Os postos são apenas repassadores das variações que recebem das distribuidoras.
O posto, para ganhar mercado, precisa repassar descontos e aumentos. Ninguém consegue ficar fora do preço de mercado.
O presidente do Sindisul, que representa as distribuidoras, Roberto Tonietto, afirma que o aumento da gasolina não aconteceu nas distribuidoras porque a categoria não teve perdas nem ganhos com as medidas adotadas pelo governo federal para recol ocar os caminhões nas estradas, já que o abatimento do diesel é consequência da redução de impostos:
— A gasolina aumentou significativamente porque o governo do Estado mudou a base do ICMS. E também pelo preço estar atrelado ao mercado internacional por conta da política da Petrobras.
Segundo a Secretaria Estadual da Fazenda, o aumento de R$ 0,3592 no preço de pauta da gasolina foi fixado após apuração do valor médio de venda do combustível efetivamente praticado no mercado. O preço é verificado a partir de pesquisas nas notas fiscais eletrônicas emitidas pelos postos.
O governo ressalta, em comunicado, que "os levantamentos da Receita Estadual apresentam valores semelhantes às pesquisas que são realizadas pela própria ANP".