O fechamento de 1.281 vagas de trabalho formal no comércio gaúcho resultou de movimentos distintos no primeiro trimestre. Enquanto o ramo atacadista abriu 4.772 vagas, o varejista encerrou outras 6.053. Segundo a economista-chefe da Fecomércio-RS, Patrícia Palermo, o saldo negativo, por conta do impacto de aspectos sazonais, não chega a surpreender:
– O resultado é normal. No primeiro trimestre, há o desligamento de trabalhadores temporários no comércio.
A economista Lucia Garcia, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), menciona que o setor ainda sofre com resquícios da recessão. Entre os quais, a baixa no consumo.
– Tradicionalmente, o comércio tende a acolher muitos trabalhadores porque há atividades que não precisam de especialização mais densa. No entanto, pode despedir muita gente quando há queda na massa salarial. A recessão trouxe perda de renda e baixa no consumo – comenta Lucia.
Embora o setor tenha ficado no vermelho, o ritmo de fechamento de vagas com carteira assinada perdeu fôlego no primeiro trimestre, destaca Patrícia. Em igual período do ano passado, o comércio havia ficado com saldo negativo de 1.462 empregos. Em 2016, o número foi ainda maior: 2.126 postos.
– Há reação. As baixas ficaram em nível menor. Gostaríamos que a retomada fosse mais rápida, mas os sinais de fim de crise demoram a aparecer no mercado de trabalho. Existe ociosidade nas empresas, que ainda podem produzir sem novas contratações – afirma Patrícia.
Além do comércio, outros dois setores apresentaram saldo negativo de empregos com carteira assinada: administração pública fechou 226 vagas e extrativa mineral, com menos 22.
Entre janeiro e março, o Rio Grande do Sul criou 43.771 empregos formais. O saldo de 313.743 contratações e 269.972 demissões é o maior para o primeiro trimestre desde 2014. À época, o Estado havia aberto 50.848 vagas com carteira assinada, aponta o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho.
O saldo de empregos formais entre janeiro e março teve o desempenho da indústria de transformação como a principal influência positiva entre os setores pesquisados. Nesse período, as fábricas gaúchas abriram 24.938 vagas. Depois, no ranking dos resultados mais elevados, aparecem serviços (10.271) e agropecuária (6.094).