A intenção da Petrobras de vender 60% da Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), em Canoas, mal foi anunciada e já desperta polêmica. Informada nesta quinta-feira (19), a proposta divide opiniões. Enquanto recebe críticas no meio sindical, é vista por lideranças empresariais como possibilidade de atração de maiores investimentos ao complexo da Região Metropolitana.
Presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), Gilberto Porcello Petry declara que o projeto está em linha com a recente política da companhia para reduzir sua dívida. O dirigente acrescenta que, se um possível sócio privado desembarcar na Refap, a refinaria poderá elevar sua capacidade de operação.
– Ao assumir a presidência da Petrobras, Pedro Parente teve a missão de aumentar a geração de caixa e reduzir a dívida. O projeto da Refap faz parte disso. Se um sócio privado conseguir fazer investimentos, a refinaria poderá aumentar sua capacidade, o que será positivo – frisa Petry.
Por sua vez, o Sindicato dos Petroleiros do Rio Grande do Sul (Sindipetro-RS) demonstra temor ao analisar a proposta. Presidente da entidade, Fernando Maia da Costa afirma que a eventual parceria com o setor privado poderá resultar em aumento no preço dos combustíveis e risco à manutenção de empregos. Costa menciona que o Sindipetro-RS organizará manifestações contra o projeto, mas ainda não confirma nenhuma ação específica.
– Uma empresa privada não virá para investir no país. Ao entrar em refinarias, terá o objetivo de se apoderar de campos de petróleo – critica.
Além da Refap, a Petrobras também deseja repassar à iniciativa privada o controle de outras três operações: da paranaense Presidente Getúlio Vargas (Repar), da pernambucana Abreu e Lima e da baiana Landulpho Alves. Em cada uma das refinarias, os parceiros privados teriam 60% de participação, e a estatal, 40%.
– Ainda é muito cedo para apontar possíveis benefícios ou prejuízos dessa proposta. Temos apenas uma conversa inicial. A Petrobras está começando a pensar no que fará com o segmento de refino – pondera o analista André Henrique Trein, da Fundamenta Investimentos.
A Alberto Pasqualini iniciou suas operações em 1968. Se confirmada, a participação de um sócio privado não será novidade. No começo dos anos 2000, a Repsol adquiriu 30% da refinaria gaúcha, em uma troca de ativos com a Petrobras. Mais tarde, em 2010, a estatal recomprou a participação da empresa espanhola por US$ 850 milhões, em valores da época.
– A vinda de um sócio privado não deverá ter grandes impactos para o mercado. Para atender ao Rio Grande do Sul, a Refap já é autossuficiente. Acredito que não haverá nenhum impacto em fornecimento ou preço de combustíveis – observa o economista Edson Silva, diretor da consultoria ES Petro.