As principais dificuldades logísticas do Rio Grande do Sul podem ser atacadas com a realização de 114 obras, cuja projeção de investimento chega a R$ 36,8 bilhões até 2039. A conclusão é de um estudo apresentado na quinta-feira (15) pelo Palácio Piratini, batizado como Plano Estadual de Logística de Transportes (Pelt). Com cerca de 200 páginas, o documento busca apresentar um diagnóstico dos problemas que atingem os sistemas rodoviário, ferroviário, aeroviário, dutoviário e hidroviário.
— O estudo começou no governo anterior, em 2014, e terminou agora. Com a definição dos grandes gargalos do Estado, é possível saber quais são as principais obras que podem ser realizadas em 25 anos para minimizar os custos logísticos que atingem o bolso de quem produz — afirma o diretor-geral da Secretaria dos Transportes, Ivan Bertuol.
O Pelt reúne tanto obras que ainda não saíram do papel quanto já iniciadas, como as da RS-118. Na apresentação do levantamento, o governador José Ivo Sartori sublinhou que as melhorias na rodovia são prioridade no Estado.
Vice-presidente de logística do Sindicato das Empresas de Transportes de Carga e Logística no Rio Grande do Sul (Setcergs), Frank Woodhead diz que o estudo pode auxiliar na busca por avanços:
— É a primeira vez que temos um diagnóstico e planos de longo prazo. Há uma radiografia do transporte gaúcho.
Entre as 114 obras mencionadas no Pelt, há aquelas que são consideradas mais urgentes, diz o engenheiro Luiz Afonso Senna, responsável pelo estudo. Conforme a estimativa apresentada, esses trabalhos precisariam ser realizados de 2019 a 2024. Os demais, até 2039.
— Mesmo se as obras mais urgentes não ocorrerem, não dá para dizer que o Estado irá parar. Mas, com certeza, ficará muito menos competitivo sem essas melhorias. Assim como existe o Custo Brasil, existe o "Custo Rio Grande do Sul". Sem as obras, talvez seja mais interessante para um empresário produzir em Santa Catarina do que aqui — sublinha Senna.
No estudo, é apontada a necessidade de melhorias em rodovias estaduais e federais. Entre as mais urgentes, estão as obras na BR-386, lembra Senna. A duplicação da rodovia entre Lajeado e Soledade, projetada até 2024 pelo Pelt, é estimada em R$ 741,8 milhões.
O estudo divide o Rio Grande do Sul em seis rotas, determinadas a partir das ligações existentes entre os municípios que as compõem. Abaixo, confira a obra com o maior custo de implantação de cada um dos grupos no período entre 2019 e 2024.
ROTA UM
Reforço estrutural do trecho ferroviário entre Porto Alegre e Uruguaiana
Ano: 2019
Investimento: R$ 933 milhões
ROTA DOIS
Duplicação da BR-116 entre Guaíba e a BR-392
Ano: 2019
Investimento: R$ 1,7 bilhão
ROTA TRÊS
Duplicação da BR-285 entre Carazinho e Ijuí
Ano: 2024
Investimento: R$ 1 bilhão
ROTA QUATRO
Duplicação da RS-129 entre a BR-386 e a RS-324
Ano: 2019
Investimento: R$ 1,1 bilhão
ROTA CINCO
Construção da Ferrovia Norte-Sul
Ano: 2024
Investimento: R$ 4,7 bilhões
ROTA SEIS
Duplicação da BR-392 entre Santana da Boa Vista e o entroncamento com a BR-116
Ano: 2024
Investimento: R$ 981,6 milhões
Para conferir a lista de todas as obras elencadas no estudo, clique aqui.
O PELT
Investimentos previstos em 25 anos (de 2014 a 2039)
Valor total: R$ 36,8 bilhões
- Em rodovias: R$ 25,8 bilhões
- Em ferrovias: R$ 8,2 bilhões
- Em aeroportos: R$ 2,4 bilhões
- Em hidrovias: R$ 400 milhões