A retomada do crescimento econômico em 2017, depois de dois tombos consecutivos, concentra resultados opostos de indicadores de demanda interna no país. Por um lado, o consumo das famílias subiu 1%, após dois anos de queda, e auxiliou na elevação do Produto Interno Bruto (PIB). No sentido inverso, os investimentos de empresas, medidos pela Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), ou seja, os recursos para aumentar a produção, tiveram recuo de 1,8%, o quarto em sequência, e frearam retomada mais consistente. Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística nesta quinta-feira (1º).
Segundo economistas, a elevação no consumo das famílias pode ser explicada por uma combinação de fatores. Entre eles, estão inflação e juro básico em baixa, além de leve melhora no mercado de trabalho.
– Também houve certo avanço na concessão de crédito. Os bancos se tornaram um pouquinho mais liberais. Por último, a liberação dos saques das contas inativas do FGTS deram um peteleco no avanço do consumo das famílias – acrescenta o economista Mauro Rochlin, professor de MBA da Fundação Getulio Vargas (FGV).
Já a retração nos investimentos privados é atribuída ao ainda avançado nível de ociosidade existente em empresas. A reação do indicador, segundo economistas, passa pelo aumento da confiança de empresários em relação à retomada mais consistente da economia.
– As empresas estão esperando que a demanda cresça de maneira mais robusta. Há uma recuperação, mas que tem velocidade lenta no país – avalia o economista Adalmir Marquetti, professor da PUCRS.
Apesar da queda anual, o indicador de FBCF apresentou sinais positivos no fim de 2017. No quarto trimestre, registrou avanço de 2% frente aos três meses imediatamente anteriores e de 3,8% na comparação com igual período de 2016.
O avanço do PIB
Depois de mergulhar em uma das piores recessões da história, que causou dois tombos anuais seguidos, a economia brasileira voltou a andar para a frente. Em 2017, o PIB subiu 1%. Em grande parte, a retomada do crescimento é atribuída ao avanço colhido na agricultura, que teve safra recorde no ano passado.