Setor de maior peso na economia, os serviços ainda patinam, amargam números negativos no ano e freiam a recuperação da atividade no Brasil. Mas os transportes, um dos cinco grandes segmentos que integram o setor, começaram a dar sinais de aceleração.
Espécie de termômetro por indicar variação na circulação de mercadorias, ostenta avanço de 1,6% ao longo do ano, até outubro, segundo pesquisa mensal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Consultor da área de economia aplicada da Fundação Getulio Vargas (FGV), Julio Mereb avalia que a arrancada dos negócios na área de transporte pode ser relacionada, principalmente, ao momento de outras duas áreas:
– Isso se deve à recuperação da indústria e à prosperidade da agropecuária – diz.
No Estado, algumas empresas estão rejeitando cargas ou tendo de contratar caminhoneiros autônomos para dar conta do nível de pedidos, revela o presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e Logística do Rio Grande do Sul, Afrânio Kieling. Para o dirigente, foi como se os agentes da economia, cansados da crise política instalada no país, resolvessem deixar Brasília um pouco de lado e voltassem a arregaçar as mangas.
– Houve um descolamento da política e da economia. Algumas empresas estão deixando de atender à demanda porque já estavam tomadas para o final do ano. Esperamos um bom 2018 – adianta Kieling, que nota maior procura por transporte na indústria e no comércio, além do impulso do e-commerce.
A Expresso Minuano, com sede na Capital, é um exemplo da situação. O diretor comercial e operacional da empresa, Jaime Kras Borges, diz que há forte procura de carga para produtos como confecções, calçados, informática, autopeças e farmacêuticos.
Houve um descolamento da política e da economia (...) Esperamos um bom 2018.
AFRÂNIO KIELING
Presidente do Sind. das Empresas de Transportes de Cargas e Logística do RS
O faturamento da companhia em 2017, relata, deve ser 14% superior ao do exercício anterior. Ele conta que o primeiro semestre teve bom movimento, mas em seguida os negócios diminuíram um pouco, para reacelerar a partir de outubro.
– O mês de dezembro está muito acima do esperado – afirma Borges, também sócio da Minuano.
Nos dois anos anteriores, lembra o empresário, a ociosidade dos caminhões chegou a 16%, em média. Neste ano, porém, comprou 14 caminhões novos para ampliar a frota, hoje em 258 veículos. Otimista, tem intenção de aumentar o número em 10% no próximo ano.
Para Mereb, os demais segmentos dos serviços ainda dependem de melhora mais consistente no mercado de trabalho para voltarem ao azul. Para 2018, a expectativa é de crescimento de 1,5%.