Ascendente desde 2015, a taxa de desemprego no país iniciou uma lenta trajetória de queda no segundo trimestre deste ano e tende a continuar a cair ao longo de 2018, mas deve demorar para as taxas retornarem ao patamar de um dígito, verificado pela última vez dois anos atrás.
O dado mais recente divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio (Pnad) Contínua, para o período entre julho e setembro, mostrava 12,4% de desocupação, o equivalente a 13 milhões de pessoas sem trabalho.
O Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getulio Vargas (FGV), projeta que, no quarto trimestre deste ano, a taxa vai recuar para 12,1%. E chega ao encerramento de 2018 em 11,5%, ainda deixando um estoque de 12 milhões de desempregados.
A melhora tímida dos números, diz o pesquisador Bruno Ottoni, do Ibre, deve ser creditada à recuperação lenta da economia brasileira, em um ritmo bem mais vagaroso do que o observado em outras crises.
– Ao menos, deveremos ter maior criação de vagas formais – diz Ottoni, referindo-se ao fato de que, até agora, a queda dos índices de desemprego ser resultado muito mais da ocupação informal e do trabalho por conta própria do que por postos gerados com carteira de trabalho.
Assim, a expectativa é de que o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, volte a mostrar saldo positivo na criação de empregos formais. Apesar de no acumulado do ano, até outubro, o resultado ser positivo em 302 mil postos, Ottoni sustenta que, pelo grande volume de demissões em dezembro, com a dispensa de trabalhadores temporários, o número de desligamentos deve superar as contratações e o saldo final do ano ficar negativo pelo terceiro ano consecutivo. Para 2018, no entanto, seriam gerados mais de 500 mil postos formais, número que é compartilhado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
– Como a atividade econômica vai acelerar no ano que vem, com o PIB crescendo 2,6%, podemos dizer que teremos mais vagas formais – diz Ottoni, que vê a indústria como um dos motores do emprego celetista em 2018.
Abaixo de dois dígitos, só em 2020
As projeções para a taxa de desemprego ao final do próximo ano diferem. A CNC espera taxa na casa dos 10%, e o Sicredi prevê 11%. Já a Confederação Nacional da Indústria (CNI) pondera que, apesar da trajetória de queda, a desocupação permanecerá em patamares elevados, chegando ao último trimestre de 2018 em 11,8%.
– Mais empregos serão gerados, mas também teremos mais pessoas no mercado de trabalho procurando emprego. A taxa será pressionada pelo lado da oferta de trabalhadores – pondera o gerente-executivo de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco.
A despeito da melhora no mercado de trabalho, o Ibre alerta: até 2020, o Brasil não deve voltar a ter taxa de desemprego abaixo de dois dígitos.