Principal fiador do governo gaúcho em Brasília, Eliseu Padilha (PMDB) disse que "o Estado tem de fazer a sua parte" para aderir ao regime de recuperação fiscal. Um dia após a Secretaria do Tesouro Nacional (STN) negar a proposta apresentada pelo Piratini, o ministro da Casa Civil esteve em Porto Alegre e adiou as negociações para segunda-feira (24).
No começo da próxima semana, secretários de José Ivo Sartori seguem a Brasília na tentativa de pressionar o Planalto pelo andamento do plano. Mais uma vez, apostam na influência de Padilha para salvar as combalidas finanças estaduais.
— É claro que há uma saída, mas têm de ser preenchidas as condições de limitação de gasto com a folha de pagamento. Já entrei (na negociação), agora, o Estado precisa fazer a sua parte. Depois, posso ajudar — afirmou o ministro.
Padilha e Sartori reuniram-se na manhã desta sexta-feira (24) e definiram a ida dos secretários da Fazenda, Giovani Feltes, e da Casa Civil, Fábio Branco, e do líder do governo na Assembleia, Gabriel Souza, à capital federal. Mesmo que o parecer negativo da STN tenha acometido o Piratini, Sartori afastou-se do discurso de pânico:
— O processo está encaminhado em Brasília e temos muita tranquilidade, porque fizemos a nossa parte. Agora, as discussões são técnicas. Nada está perdido.
Pelo entendimento da STN, o Estado descumpriu as exigências legais para aderir ao regime já que o gasto com o pagamento de servidores é inferior a 70% da receita. Isso ocorre porque historicamente o governo gaúcho exclui da conta com pessoal uma série de despesas para cumpir a Lei de Responsabilidade Fiscal.
No Planalto, a interferência de Padilha passa pelo diálogo com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e por um acordo na câmara de conciliação aberta na Advocacia-Geral da União (AGU).
— Por que não usar um critério que favorece o Estado? Só há um motivo: não prejudicar mais a meta fiscal do governo federal nos próximos anos. Por isso, será um debate político e, sem o Padilha, ficamos muito fragilizados. Na segunda-feira, vamos reinaugurar uma frente política com muito mais força — destacou Souza.
Em evento de anúncio de recursos para a nova ponte do Guaíba, Sartori discursou mirando Padilha:
_ Sempre tivemos na sua pessoa alguém que abriu as portas no governo federal para que chegássemos a esse nível de entendimento. Nosso agradecimento pela garantia de que seremos atendidos.
Depois de ouvi-lo, o ministro nada disse. Indisposto, foi embora antes do fim da cerimônia.