O presidente Michel Temer usou mais uma cerimônia no Palácio do Planalto para destacar um discurso otimista, reforçar a necessidade das reformas e justificar que as dificuldades do governo são legado do governo anterior.
– Há dificuldades, mas as dificuldades são herdadas e estamos combatendo – afirmou, durante cerimônia de assinatura de decreto que reconhece os supermercados como Atividade Essencial.
Temer disse ainda que toda vez que se propõe uma reforma é uma "guerra brutal", mas que depois elas são reconhecidas, os críticos silenciam e os aplausos aparecem.
– Nós estamos trazendo o Brasil para o século 21 em 15 meses de governo – reforçou.
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O presidente ressaltou que a modernização trabalhista foi tentada há mais de 25 anos sem sucesso, que seu governo conseguiu realizá-la com a concordância dos empresários e empregados e que, agora, o governo vai se concentrar na simplificação tributária, na reforma da Previdência e, segundo ele, na condução da reforma política pelo Congresso.
– Se fizermos a simplificação tributária, a reforma Previdenciária e, junto com o Congresso, a reformulação política, esse governo poderá ser reconhecido como reformista – afirmou.
Temer disse ainda que a reforma tributária já está acontecendo.
– Tenho falado menos em reforma tributária e mais em simplificação tributária, os estudos estão avançando e espero que daqui a pouco possamos aplaudir sua aprovação – afirmou.
Ao se dirigir a uma plateia de empresários do setor, depois de discursos que exaltaram o seu governo, Temer fez um apelo para que a classe ajude a disseminar os argumentos a favor da reforma da Previdência.
– Essa reforma da Previdência não é para o nosso governo é para o futuro – disse. – Peço que nos auxiliem nesta tarefa.
O presidente disse que a cerimônia desta quarta "traz à mente duas palavras: confiança e otimismo".
– Às vezes, tem um puxador de palmas, palmas protocolares, mas aqui não. As palmas vieram do coração – repetiu Temer, que já usou a frase em outras agendas positivas no Planalto.
Temer brincou com o presidente da Associação Brasileira de Supermercados, João Sanzovo Neto, ao afirmar que queria comemorar o fato de João "não soltar um rojão aqui dentro", após ter feito um discurso de exaltação ao governo.
Sanzovo Neto afirmou que o setor é a favor das reformas que o governo tenta implementar e repetiu o slogan do governo de colocar o país nos trilhos.
– O senhor está colocando o Brasil nos trilhos certos – disse.
O presidente citou a importância do setor varejista, dizendo que ele dá indicativos de como anda a economia e está registrando alta. Também voltou a falar da trajetória de queda da inflação e da taxa Selic, e reforçou que acredita que os juros devem estar em 7,5% ao ano.
Temer, que em nenhum momento de seu discurso mencionou a revisão da meta fiscal feita na terça-feira (15), disse que o grande problema do país atualmente é o desemprego, mas que também já demonstra retomada.
Tentando se mostrar alheio a eventuais críticas, Temer disse ainda que, quando o governo produz modernidades e avança, acaba incomodando muitos setores.
– Vejo, muitas vezes, um pessimismo de opinião, não um pessimismo de ação, mas vejo no brasileiro otimismo e esperança – ponderou.
Nova lei
Com o novo decreto, o setor supermercadista passa a ter instrumentos jurídicos para negociar a abertura dos estabelecimentos aos domingos e feriados, em todo o Brasil. De acordo com o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), a mudança é uma demanda antiga do setor varejista.
Sanzovo Neto destacou, em seu discurso, que o presidente fazia Justiça ao setor.
– Somos responsáveis por 87,3% de todos os alimentos vendidos no país – afirmou.
Segundo ele, no ano passado, o setor faturou R$ 338,7 bilhões, o que representou 5,4% do PIB.
– Somos também responsáveis por 20% dos empregos formais no país – disse.
A pasta argumenta que a alteração na legislação ajuda na competitividade do setor e, consequentemente, na geração de emprego. Segundo o setor, há 89 mil supermercados no Brasil, que empregam 1,8 milhões de pessoas.